"Nada está fora da mesa". Metsola pede mudanças na UE para receber Ucrânia como Estado-membro
A presidente do Parlamento Europeu defende que a União Europeia deve iniciar uma onda de mudanças para preparar a adesão da Ucrânia como Estado-membro. Para Roberta Metsola, "nada está fora da mesa" - poderá mesmo ser necessário remover taxas nas trocas comerciais e dar a Kiev acesso aos mercados internos ainda antes da adesão.
“Dissemos durante anos que a Ucrânia não podia estar ligada à rede elétrica europeia. Levámos dias a conseguir fazê-lo quando começámos esse processo. No final, acabou por ser uma questão de vontade política”, acrescentou.
Roberta Metsola espera que as negociações formais dos Estados-membros para a adesão da Ucrânia ao bloco comunitário comecem já em dezembro deste ano, mês em que os 27 estarão reunidos para debater um relatório sobre os progressos da Ucrânia na reforma do seu sistema judiciário, no combate à corrupção e na abertura dos mercados.
“Espero um resultado concreto [na reunião de dezembro], porque o pior sinal que podíamos dar seria mostrar que nós próprios não conseguimos cumprir prazos, depois de os termos dado à Ucrânia”, vincou.
Modelo económico da UE "não poderia sobreviver"
A presidente do Parlamento Europeu foi ainda questionada sobre as expectativas de adesão da Moldávia e Albânia, significando que a nova onda de adesões à UE pode elevar para 30 o número de Estados-membros.“Claro que o modelo económico que temos hoje não poderia sobreviver com 32 ou 33 [Estados-membros]. Mas é agora que precisamos de ter essa conversa. Já começámos a tê-la no Parlamento”, avançou.
Para a responsável, não há necessidade de esperar pela adesão para que os países candidatos possam ter acesso a alguns benefícios. Assim sendo, defende regalias como o livre roaming dentro da UE para os cidadãos dessas nações, até porque “os operadores já estão preparados para isso”.
Acordo para a agricultura
Também na área do comércio poderão ser levantadas algumas barreiras. Roberta Metsola defende um acordo que cubra inclusivamente o setor da agricultura, relembrando que a Ucrânia é um grande fornecedor de aves a alguns países europeus.Neste momento, a Ucrânia já está a comercializar livremente dentro da UE, já que em junho de 2022 todas as taxas e quotas foram suspensas para apoiar Kiev na guerra iniciada por Moscovo. A suspensão mantém-se até, pelo menos, junho de 2024.
Essa decisão originou críticas por parte de alguns Estados-membros, com os agricultores a queixarem-se de quebras no comércio interno devido à elevada importação de aves ucranianas.
Polónia, Hungria e Eslováquia disseram na semana passada que irão desafiar a UE e alargar a proibição de venda de cereais ucranianos para proteger os seus agricultores.