Na véspera da posse de Maduro. Líder da oposição venezuelana libertada após ter sido "detida à força"

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Maxwell Briceno - Reuters

Na véspera da tomada de posse de Nicolás Maduro, a Venezuela foi palco de várias manifestações a favor e contra Maduro. A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, reapareceu num protesto em Caracas após quatro meses escondida e foi detida, tendo sido libertada momentos depois. Edmundo González Urrutia declarou, a partir da República Dominicana, que "muito em breve" verá os venezuelanos em Caracas, "em liberdade".

Maria Corina Machado saiu do refúgio secreto onde tem estado nos últimos meses e enfrentou as ameaças de detenção para estar ao lado dos que reclamam Edmundo González como presidente da Venezuela.

Vestida de branco e agitando uma bandeira venezuelana, Machado chegou ao comício no distrito comercial de Chacao, no leste de Caracas, num camião, recebendo aplausos de centenas de manifestantes.

"Toda a Venezuela está nas ruas, não temos medo!", declarou a líder da oposição.

No fim da manifestação, Corina Machado foi “violentamente intercetada”. "María Corina foi violentamente intercetada quando saía da manifestação em Chacao. (...) Membros do regime dispararam contra as motas que a transportavam", denunciou o Comando Venezuela no seu perfil oficial nas redes sociais.

Momentos depois, o movimento Vente Venezuela anunciou nas redes sociais que Corina Machado foi libertada, acrescentando que durante a sua breve detenção foi forçada a gravar vários vídeos.

"Hoje, ao sair da concentração em Chacao, Maria Corina Machado foi intercetada e caiu da mota onde seguia. Foram disparadas armas de fogo durante o incidente. Ela foi detida à força. Durante o seu sequestro, ela foi forçada a gravar vários vídeos e depois foi libertada", disse o movimento na rede social X, acrescentando que a líder da oposição venezuelana vai dirigir-se ao país para explicar os acontecimentos.

O opositor venezuelano Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória nas eleições presidenciais de julho, exigiu a libertação imediata de Corina Machado.

"Como presidente eleito, exijo a libertação imediata de Maria Corina Machado. Às forças de segurança que a sequestraram digo: não brinquem com o fogo", escreveu González Urrutia na rede social X.

O opositor de Maduro, Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória nas eleições presidenciais de julho, está exilado desde setembro para evitar a ordem de prisão decretada contra si na Venezuela, mas garante que estará em Caracas esta sexta-feira para ser empossado.

"Vemo-nos todos muito em breve em Caracas, em liberdade", declarou González Urrutia esta quinta-feira a partir da República Dominicana. "O regime de Maduro recusa-se a aceitar a derrota que sofreu" nas urnas e "optou, ao invés, por desencadear a pior escalada de repressão da história do nosso país (...) Nós, os venezuelanos, estamos determinados a persistir nesta luta até ao fim", acrescentou.

As autoridades venezuelanas já advertiram o candidato da oposição e a sua comitiva de que seriam considerados uma "força invasora" e detidos à chegada ao país.
Apoiantes “chavistas” marcham em Caracas
Centenas de ‘chavistas’ também marcharam esta quinta-feira em vários pontos de Caracas em apoio à tomada de posse de Maduro.


O “chavismo”, associado ao antigo presidente Hugo Chávez (de 1999 a 2013), instalou plataformas em várias avenidas de Caracas para reunir os seus militantes, que respondem ao apelo em defesa de Maduro, que também contará sexta-feira com os cerca de 1.200 delegados de 100 países que participarão no “Grande Congresso Internacional Antifascista”, indicaram fontes oficiais locais.

A convocação da “marcha chavista” foi anunciada um dia depois de a líder da oposição ter apelado a que “todos” saíssem esta quinta-feira às ruas da Venezuela e do mundo, para exigir o que afirma ser a vitória do “anti-chavismo” nas eleições presidenciais.

Para sexta-feira, o “chavismo” também convocou uma série de marchas e outras atividades para “encher” uma dezena de avenidas em Caracas e nos estados de Zulia, Táchira, Apure e Amazonas, todos fronteiriços com a Colômbia, bem como na região insular de Nova Esparta.
Milhares de militares mobilizados
Numa altura em que cresce o clima de tensão na capital e a repressão política contra os opositores do regime, o Governo venezuelano enviou 1.200 militares para todo o país para "garantir a paz" antes e durante a tomada de posse.

Nas últimas 72 horas, quinze conhecidos políticos opositores e ativistas venezuelanos foram detidos na Venezuela, entre eles o ex-candidato presidencial Enrique Márquez e o diretor da organização Espaço Público, denunciou o Comité pela Liberdade dos Presos Políticos (CLPP).

A oposição e o partido no poder estão numa guerra aberta desde as eleições presidenciais de julho do ano passado, que ambos afirmam ter vencido.

O presidente, Nicolás Maduro, foi proclamado vencedor das presidenciais, com 52% dos votos, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), considerado sob controlo do poder. No entanto, o CNE nunca divulgou as atas eleitorais das assembleias de voto, afirmando ter sido vítima de um ataque informático.

Por sua vez, a oposição divulgou as atas eleitorais fornecidas pelos seus escrutinadores e garante que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, obteve mais de 67% dos votos. González Urrutia ganhou o apoio de governos de todo o mundo, nomeadamente dos EUA, que consideram-no o presidente eleito na Venezuela.

c/agências
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