Na véspera da posse de Maduro. Líder da oposição venezuelana libertada após ter sido "detida à força"
Na véspera da tomada de posse de Nicolás Maduro, a Venezuela foi palco de várias manifestações a favor e contra Maduro. A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, reapareceu num protesto em Caracas após quatro meses escondida e foi detida, tendo sido libertada momentos depois. Edmundo González Urrutia declarou, a partir da República Dominicana, que "muito em breve" verá os venezuelanos em Caracas, "em liberdade".
Vestida de branco e agitando uma bandeira venezuelana, Machado chegou ao comício no distrito comercial de Chacao, no leste de Caracas, num camião, recebendo aplausos de centenas de manifestantes.
"Toda a Venezuela está nas ruas, não temos medo!", declarou a líder da oposição.
Lo dijimos, hoy nos encontrábamos en todas las calles de Venezuela y el mundo.
— María Corina Machado (@MariaCorinaYA) January 9, 2025
Yo estoy aquí, contigo, y HASTA EL FINAL. pic.twitter.com/ELeZlYNlcg
Como presidente electo, exijo la liberación inmediata de María Corina Machado.
— Edmundo González (@EdmundoGU) January 9, 2025
A los cuerpos de seguridad que la secuestraron les digo: no jueguen con fuego.
"Vemo-nos todos muito em breve em Caracas, em liberdade", declarou González Urrutia esta quinta-feira a partir da República Dominicana. "O regime de Maduro recusa-se a aceitar a derrota que sofreu" nas urnas e "optou, ao invés, por desencadear a pior escalada de repressão da história do nosso país (...) Nós, os venezuelanos, estamos determinados a persistir nesta luta até ao fim", acrescentou.
As autoridades venezuelanas já advertiram o candidato da oposição e a sua comitiva de que seriam considerados uma "força invasora" e detidos à chegada ao país.
Apoiantes “chavistas” marcham em Caracas
Centenas de ‘chavistas’ também marcharam esta quinta-feira em vários pontos de Caracas em apoio à tomada de posse de Maduro.
O “chavismo”, associado ao antigo presidente Hugo Chávez (de 1999 a 2013), instalou plataformas em várias avenidas de Caracas para reunir os seus militantes, que respondem ao apelo em defesa de Maduro, que também contará sexta-feira com os cerca de 1.200 delegados de 100 países que participarão no “Grande Congresso Internacional Antifascista”, indicaram fontes oficiais locais.
A convocação da “marcha chavista” foi anunciada um dia depois de a líder da oposição ter apelado a que “todos” saíssem esta quinta-feira às ruas da Venezuela e do mundo, para exigir o que afirma ser a vitória do “anti-chavismo” nas eleições presidenciais.
Para sexta-feira, o “chavismo” também convocou uma série de marchas e outras atividades para “encher” uma dezena de avenidas em Caracas e nos estados de Zulia, Táchira, Apure e Amazonas, todos fronteiriços com a Colômbia, bem como na região insular de Nova Esparta.
Milhares de militares mobilizados
Numa altura em que cresce o clima de tensão na capital e a repressão política contra os opositores do regime, o Governo venezuelano enviou 1.200 militares para todo o país para "garantir a paz" antes e durante a tomada de posse.
Nas últimas 72 horas, quinze conhecidos políticos opositores e ativistas venezuelanos foram detidos na Venezuela, entre eles o ex-candidato presidencial Enrique Márquez e o diretor da organização Espaço Público, denunciou o Comité pela Liberdade dos Presos Políticos (CLPP).
A oposição e o partido no poder estão numa guerra aberta desde as eleições presidenciais de julho do ano passado, que ambos afirmam ter vencido.
O presidente, Nicolás Maduro, foi proclamado vencedor das presidenciais, com 52% dos votos, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), considerado sob controlo do poder. No entanto, o CNE nunca divulgou as atas eleitorais das assembleias de voto, afirmando ter sido vítima de um ataque informático.
Por sua vez, a oposição divulgou as atas eleitorais fornecidas pelos seus escrutinadores e garante que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, obteve mais de 67% dos votos. González Urrutia ganhou o apoio de governos de todo o mundo, nomeadamente dos EUA, que consideram-no o presidente eleito na Venezuela.
c/agências