O relator especial das Nações Unidas para a Tortura, Nils Melzer, publicou uma carta aberta ao presidente cessante dos Estados Unidos, no sentido de que indulte também o fundador da plataforma digital Wikileaks. O indulto acarretaria consigo uma renúncia dos EUA a obterem a extradição de Julian Assange.
Num contexto em que Trump atribuiu perdões presidenciais a mercenários da empresa de segurança Blackwater, condenados por um crimes de guerra contra civis, e a figuras condenadas por corrupção, num total de 15, Melzer apela a um perdão presidencial no caso de Assange, baseado, principalmente no facto de o jornalista australiano apenas "ter dito a verdade" sobre crimes de guerra norte-americanos.
Dirigindo-se a Trump, o relator da ONU escreve, nomeadamente: “Peço-lhe que indulte o sr. Assange, porque ele não é, nem nunca foi, um inimigo do povo americano. A organização dele, WikiLeaks, combate o secretismo e a corrupção em todo o mundo e, portanto, actua no interesse público tanto do povo americano como da humanidade no seu todo".
E prossegue, explicando que um indulto concedido a Assange, seria coerente com a retórica anti-corrupção que há quatro anos levou Trump à presidência: "Peço-lho, porque o sr. presidente se comprometeu com uma agenda de combater a corrupção e os abusos das autoridades; e porque, permitir que continue a perseguição contra o sr. Assange significaria que, na sua herança [política], se tornou um crime dizer a verdade sobre essa corrupção e esses abusos".
EXCLUSIVE VIDEO: Sarah Palin Calls for Julian Assange to Be Pardoned, 'Years Ago I Publicly Spoke Out Against Julian — and I Made a Mistake' @SarahPalinUSA is such an incredible person.https://t.co/IkQ72USMXR pic.twitter.com/RkoHX9bYHW
— Cassandra Fairbanks (@CassandraRules) December 19, 2020
Relativamente à situação prisional de Assange, Melzer lembra que ele foi internado na prisão de alta segurança de Belmarsh com a saúde já abalada por vários anos de reclusão na Embaixada equatoriana de Londres e que depois foi parar a essa prisão agora infestada de Covid-19. Melzer acrescentou ainda que a saúde de Assange se encontra "extremamente vulnerável".