Na China número de obesos duplica em seis anos - estudo

por Agência LUSA

O número de obesos na China duplicou em seis anos e o problema tende a "agravar", conclui um estudo realizado pelas autoridades sanitárias chinesas, divulgado hoje pela imprensa local.

O gigante asiático conta actualmente 60 milhões de obesos entre a população adulta - sete por cento dos adultos -, mais 97 por cento do que em 1996, segundo um levantamento efectuado entre Agosto e Dezembro de 2002.

Este foi o primeiro grande levantamento nacional sobre nutrição e doenças relacionadas com os hábitos alimentares e estilo de vida.

Os resultados só agora foram divulgados devido à morosa tarefa de analisar os dados recolhidos entre Agosto e Dezembro de 2002 em 31 regiões com nível provincial da China, justificou o Ministério da Saúde.

Segundo o estudo, um em cada cinco chineses adultos tem peso a mais - cerca de 22 por cento da população ou 200 milhões dos 1,3 mil milhões de chineses -, valor que corresponde a um aumento de 39 por cento em relação a 1996.

Nas cidades é onde o problema é mais alarmante: 12 por cento dos adultos são obesos, oito por cento das crianças e 30 por cento da população adulta tem peso a mais.

"Dada a existência de uma grande proporção de pessoas com peso a mais, estima-se que a obesidade irá aumentar significativamente no futuro", concluiu o vice-ministro da Saúde, Wang Longde, durante a apresentação do estudo.

A par do aumento de peso têm disparado as doenças responsáveis por uma "morte lenta".

"O estudo também indica que uma dieta com elevadas calorias, gorduras e menos actividade física estão muito relacionadas com o excesso de peso, obesidade, diabetes e níveis anormais de lípidos no sangue", acrescentou.

O levantamento estima que 160 milhões dos adultos sofrem de problemas de tensão alta (mais 70 milhões que em 1992), 2,6 por cento (20 milhões) têm diabetes e 160 milhões registam níveis de lípidos (gordura) anormais no sangue.

Nos grandes centros urbanos "há um consumo excessivo de carne e gorduras e menos cerais", destacou o vice-ministro, referindo a exemplo a capital chinesa.

"A Associação de Nutrição da China recomenda que o consumo diário de óleo vegetal seja de 25 gramas, mas o estudo descobriu que em Pequim o consumo é de 83 gramas", indicou a título de exemplo Wang Longde.

Esta investigação conclui que a China se debate com problemas de má alimentação nas cidades, mas nas áreas rurais continua a haver carências nutritivas.

Nas regiões mais pobres da China 29 por cento das crianças com menos de cinco anos têm problemas de atraso no crescimento e 17 por cento peso a menos, devido à má nutrição.

"A China entrou num período vital para começar a haver uma intervenção na nutrição à medida que há um grande desenvolvimento económico, caso contrário, iremos seguir as pegadas de alguns países ocidentais", defendeu Wang.

Apesar do aumento de peso estar a tornar-se problemático para a nova China capitalista, o continente chinês ainda está longe de atingir os valores registados nos Estados Unidos - o país no mundo com maior número, em média, de pessoas com peso a mais.

Nos Estados Unidos, 127 milhões de adultos - 65 por cento da população - têm peso a mais e 30 por cento (ou 69 milhões) são obesos, segundo dados da Associação Americana para a Obesidade.

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