Um juiz de um tribunal de Nova Iorque negou, na terça-feira, a liberdade sob caução ao músico de rap Sean `Diddy` Combs, que foi acusado de tráfico sexual e extorsão pelo Ministério Público norte-americano.
Na audiência, Combs declarou inocência, mas o juiz negou o pedido de liberdade sob caução realizado pelos advogados de defesa e manteve a prisão de cantor até pelo menos a próxima audiência, em 24 de setembro.
Os advogados planeiam recorrer em relação à decisão sobre a liberdade sob caução. Ainda não há data para o julgamento.
Combs foi acusado de crimes federais de tráfico sexual e extorsão pelo Ministério Público de Nova Iorque.
O músico norte-americano comandava um império de crimes sexuais, coagindo e abusando de mulheres durante anos, enquanto usava chantagem e atos chocantes de violência para manter as suas vítimas sob coação, de acordo com a acusação que foi divulgada na terça-feira.
Os procuradores classificaram Combs de "perigoso" e pediram a sua detenção até ao julgamento, citando armas encontradas em sua casa e o que disseram ser tentativas de intimidar testemunhas.
A acusação de conspiração de extorsão e tráfico sexual relatou que Combs induzia vítimas femininas e profissionais do sexo masculino a performances sexuais drogadas, por vezes com dias de duração, apelidadas de "Freak Offs".
O documento referiu também, indiretamente, a um ataque à sua ex-namorada, a cantora de R&B Cassie, que foi captado em vídeo.
"As provas neste caso são incrivelmente poderosas", disseram os procuradores no documento.
O Ministério Público disse que entrevistou mais de 50 vítimas e testemunhas e esperam que o número cresça e que utilizariam registos financeiros, de viagens e de faturação, dados e comunicações eletrónicas e vídeos dos "Freak Offs" para provar o seu caso.
Combs, de 54 anos, foi detido na noite de segunda-feira em Manhattan, cerca de seis meses depois de as autoridades federais que conduziam uma investigação de tráfico sexual terem invadido as suas luxuosas casas em Los Angeles e Miami.
Uma condenação por todas as acusações do Ministério Público poderia traduzir-se numa pena de 15 anos de prisão com possibilidade de prisão perpétua.
A acusação descreveu Combs como o líder de uma empresa criminosa que se envolveu ou tentou envolver-se em tráfico sexual, trabalho forçado, transporte interestadual para fins de prostituição, delitos relacionados com drogas, rapto, incêndio criminoso, suborno e obstrução à justiça.
Combs e os seus associados teriam exercido o seu "poder e prestígio" para intimidar e atrair as mulheres para a sua órbita, "muitas vezes sob o pretexto de uma relação romântica", referiu a acusação.
Durante uma busca às casas de Combs em Miami e Los Angeles, este ano, as autoridades apreenderam narcóticos, vídeos dos "Freak Offs" e mais de mil frascos de óleo e lubrificante para bebés, segundo os procuradores. As autoridades disseram que os agentes também apreenderam armas de fogo e munições, incluindo três AR-15 com números de série raspados.
A acusação retratou Combs como um homem violento que sufocava e empurrava pessoas, batia e pontapeava as vítimas e, por vezes, arrastava-as pelos cabelos, causando ferimentos que muitas vezes demoravam dias ou semanas a cicatrizar. Os seus funcionários e associados testemunharam, por vezes, a sua violência e impediram as vítimas de sair ou rastrearam aqueles que tentaram, disse a acusação.
Tudo isto, alegam os procuradores, estava a acontecer por detrás da fachada do negócio global de música, estilo de vida e vestuário de Combs.
Anteriormente conhecido como Puff Daddy, Combs é um dos produtores e artistas de hip-hop mais influentes das últimas três décadas e construiu um dos maiores impérios ligado a este género musical com diversas entidades ligadas ao seu nome.
É fundador da editoria de música Bad Boy Records e vencedor de três Grammy.