A história do Muro de Berlim é um fragmento importante da história do século XX. Surgiu no culminar da "Guerra Fria" e caiu como ponto alto dos vários processos que redundaram na dissolução do antigo Bloco de Leste. A cronologia dos principais acontecimentos é reveladora.
Em 1961, o êxodo crescente de alemães do Leste
para Berlim ocidental alimentava os rumores de criação de um muro que
dividisse a meio a antiga capital do Reich. Em 15 de junho, o líder
leste-alemão Walter Ulbricht desmentiu categoricamente os rumores:
"Ninguém tenciona construir um muro". Mas dois meses depois, na
madrugada de 13de agosto, militares da RDA começaram a construir a
chamada "barreira antifascista".
O Muro de Berlim irá manter-se durante 28 anos. Em janeiro de 1989, o líder leste-alemão Erich
Honecker reage aos protestos contra o isolamento do país afirmando: "O Muro irá manter-se até daqui a 50 ou mesmo 100 anos". Mas as primeiras brechas surgem, não muito longe de Berlim, e com marcadas consequências para Berlim: em 10 de setembro, a vizinha Hungria abre a fronteira com a Áustria e milhares de turistas alemães de visita ao "país irmão" atravessam a fronteira.
Em 7 de outubro, o líder soviético Mikhail Gorbachov visita a RDA e é recebido por uma multidão leste-alemã que o saúda entusiasticamente. A saudação apresenta um contraste gritante com participação morna e contrafeita a que muitos são obrigados em cerimónias oficiais. Ao aplaudirem Gorbachov e a sua fama de reformador democrático, os manifestantes sublinham a diferença com os seus próprios dirigentes, que nunca são alvo de manifestações tão calorosas. Onze dias depois, Honecker alega "razões de saúde" para se demitir.
Daí até à queda do Muro, os acontecimentos precipitam-se: em 4 de novembro, uma grande manifestação reúne meio milhão de pessoas em Berlim Leste; e em 9 de novembro, quando Egon Krenz, o sucessor de Honecker, anuncia que poderão viajar todos os que "a partir de amanhã" pedirem um visto de saída, milhares de pessoas tomam o anúncio como se ele equivalesse a uma imediata abertura do Muro, precipitam-se para os postos fronteiriços, rodeiam os guardas de forma amistosa mas firme - e depois passam para o ocidente sem quealguém tenha tentado impedi-los.
Trinta anos depois, a cidade cercada de Muro tornou-se a capital. Dela desapareceram velhos problemas, nela emergiram outros novos. A paisagem urbana conservou traços inconfundíveis da cidade, mas também mudou nas ruas e nas praças, mas também no parque automóvel e na indumentária das pessoas. As imagens do antes e do depois permitem reconhecer o que era e o que passou a ser.
Muro entre a Markgrafenstrasse e rua Rudi-Dutschkestrasse
Posto de controlo Chausseestrasse
5 de junho de 1989 e 30 de outubro de 2019 | Créditos: Fabrizio Bensch - Reuters
Rua Ebertstrasse e Porta de Brandemburgo
6 de junho de 1989 e 30 de outubro de 2019 | Créditos: Fabrizio Bensch - Reuters
Porta de Brandemburgo
6 de junho de 1989 e 3 de janeiro de 2011 | Créditos: Fabrizio Bensch - Reuters
Posto de controlo Invalidenstrasse
9 de novembro de 1989 e 30 de outubro de 2019 | Créditos: Fabrizio Bensch - Reuters
Posto de controlo Invalidenstrasse
9 de novembro de 1989 e 21 de julho de 2009 | Créditos: Fabrizio Bensch - Reuters
Porta de Brandemburgo
10 de novebro de 1989 e 2 de agosto de 2011 | Créditos: Fabrizio Bensch - Reuters