Municípios do Minho e da Galiza pedem fim da divisão transfronteiriça

por Cristina Sambado - RTP
Pedro Nunes - Reuters

Os governos de Espanha e Portugal têm sobre a mesa uma declaração conjunta, assinada por representantes de 12 municípios do território transfronteiriço do Rio Minho, a apelar à abertura imediata das fronteiras para facilitar a movimentação de trabalhadores que necessitam diariamente de atravessar a fronteira.

Desde que as fronteiras entre os dois países foram repostas, a 16 de março devido à pandemia de Covid-19, que a única possibilidade de entrar ou sair de Espanha ou de Portugal, na zona do rio Minho, é a ponte que liga Pontevedra a Valença do Minho que concentra 44 por cento dos veículos que circulam entre os dois países. Os municípios localizados, nos dois lados do Rio Minho, reuniram-se para analisar o impacto socioeconómico do encerramento das fronteiras entre os dois países e apelaram a que mais postos de fronteira fossem reabertos.

A reunião do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial do Rio Minho (AECT Rio Minho) revelou o caso de um empresário galego, da cidade de A Guarda, que possui uma empresa de exportação em Vila Nova de Cerveira e que passou a demorar uma hora, na vez dos dez minutos, a fazer a deslocação entre casa e trabalho.

Os que trabalham devem ser levado em conta. Com o encerramento das fronteiras, apenas nove postos fronteiriços foram permitidos entre os dois países. Uma medida, que no caso de Pontevedra obrigou ao encerramento de quatro pontes que os trabalhadores transfronteiriços usavam diariamente”, afirmou o responsável pelo AECT Minho ao jornal espanhol El Mundo.

Uxío Benítez recorda que em muitos casos o trajeto diário para o trabalho passou de 16 para 36 quilómetros.
“Entendo que não ser permita que as pessoas vão a Portugal para beber café ou ir ao supermercado, mas devem ter em conta que vai trabalhar”, frisou.
A AECT Minho pede que, no caso dos controlos nas fronteiras serem prolongados, para que seja avaliada a “possibilidade de facilitar a passagem dos moradores entre os municípios fronteiriços”.

Uxío Benítez considera que “a coordenação e o equilíbrio entre os Governos dos dois países nas medidas de desconfinamento devem evitar dividir os municípios fronteiriços”.

E apela “ao regresso da livre circulação entre os dois países” assim que os estados de emergência terminaram e recorda “que existem muitos setores da economia da região com implicações dos dois lados da fronteira”.

Já o vice-presidente da Associação de Culturas do Baixo Minho confirma que no setor “não há diferença entre o dia-a-dia dos galegos e dos portugueses” e que “têm uma maior ligação com cidades portuguesas como Vila Nova de Cerveira ou Valença do que com cidades espanholas como Vigo ou Santiago de Compostela”.

Emílio Estévez frisa que a “sobrevivência do setor (agrícola) vai ser muito complicado”.

Para Estévez a prioridade deve ser a gestão sanitária da pandemia, mas recorda que “no sul da Galiza a taxa de contágio é semelhante à do norte de Portugal”.

A AECT Minho já solicitou a disponibilização de fundos da União Europeia e dos Estados para “mitigar este duplo impacto da pandemia nos territórios transfronteiriços”.
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