O início de 2025 trouxe à cidade italiana de Milão a proibição de fumar na rua ou em áreas públicas lotadas. É a limitação mais severa do país que atinge os fumadores. Quem arriscar puxar um cigarro no exterior pode ser multado entre 40 a 240 euros.
Tudo começou em 2020 quando a lei de qualidade do ar da cidade de Milão foi aprovada, nesse mesmo ano, pelo conselho municipal. Foi então exigido implementação de proibições progressivamente mais rigorosas ao ato de fumar.
A partir de 2021, foi estabelecida a proibição de fumar em parques, parques infantis, paragens de autocarro e instalações desportivas.
Nesta quarta-feira, o ano novo abriu caminho à mais recente interdição aos fumadores. A regra de 2025 abrange agora "todos os espaços públicos, incluindo ruas", com exceção de "locais isolados onde é possível manter uma distância de pelo menos 10 metros de outras pessoas", explica o texto normativo.
As autoridades locais argumentam que a medida visa reduzir as partículas transportadas pelo ar para "melhorar a qualidade do ar da cidade, proteger a saúde dos cidadãos, incluindo a proteção contra o fumo passivo em locais públicos, também frequentados por crianças".
Porém, a restrição não se aplica aos cigarros eletrónicos.
Embora a proibição tenha começado às zero horas de 1 de janeiro, as autoridades não prenderam nenhum folião, declarou a polícia de Milão.
Multas até 240 euros
Os fumadores estão desagradados com a nova regra, até porque, se não resistirem ao vício, podem vir a ser multados entre 40 e 240 euros.
"Acho que essa medida é excessiva. Se estivermos a falar de um lugar fechado, concordo. porque (fumar) pode criar incómodo e não é saudável", afirmou Myrian Illiano de 21 anos, à agência France-Press.
E rebate: "Mas se falarmos de um lugar aberto, não vejo porque deva ser restrito".
Já Chiara Ciuffini, uma não-fumadora de 39 anos, revela-se totalmente a favor da proibição. "Eu concordo, porque sou uma pessoa desportiva e não fumadora. Espero que os fumadores também possam entender a necessidade dos que não fumam quererem respirar um ar mais limpo", afirmou Ciuffini.
A nova regra também deve provocar impacto nas vendas de cigarros.
A nova regra também deve provocar impacto nas vendas de cigarros.
Emanuele Marinoni, vice-presidente da Federação Italiana de Tabacarias e proprietário de uma loja de venda de tabaco, em Milão, acha que o “negócio vai cair entre 20 a 30 por cento".
"Quando uma pessoa está no escritório e para fumar tem que ir para a varanda ou para a rua, agora, parece óbvio que certamente haverá uma diminuição no consumo (de cigarros)", afirmou Marinoni citado na France24.
"Quando uma pessoa está no escritório e para fumar tem que ir para a varanda ou para a rua, agora, parece óbvio que certamente haverá uma diminuição no consumo (de cigarros)", afirmou Marinoni citado na France24.
Para Anna Scavuzzo, vice-prefeita do município de Milão, a nova lei deverá ajudar a limpar o ar da cidade. “O fumo do cigarro, como toda combustão, contribui para a criação de partículas finas" e Milão é uma das “cidades mais poluídas da Europa em termos de ar”, argumenta.
A medida apresenta-se como a restrição anti-tabaco mais severa na Itália, onde quase um quarto da população fuma, de acordo com o Ministério da Saúde do país. Cerca de 19 por cento dos italianos fumam, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, com base em dados de 2023, registando números abaixo da média de 24% na União Europeia.
O Ministério da Saúde da Itália reporta também que 93.000 mortes por ano são atribuídas ao tabagismo.
O maço de tabaco custa cerca de seis euros e está entre os mais baratos da Europa.