Movimentos trabalhistas ameaçam fazer greve geral se Dilma for destituída

por Lusa

São Paulo, Brasil, 01 maio (Lusa) - Organizações trabalhistas e da sociedade civil que comemoraram hoje em São Paulo, no Brasil, o Dia do Trabalhador disseram que vão realizar protestos e até mesmo uma greve geral se a Presidente Dilma Rousseff for destituída.

A ideia foi defendida num palanque montado no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade, no qual líderes da Central Unida dos Trabalhadores (CUT), da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e de outros movimentos sociais discursaram para milhares de pessoas.

"Vamos parar o Brasil. Os golpistas [classificação dada por estes movimentos a quem é favorável à destituição da Presidente] não vão ter um minuto de sossego neste país", disse Guilherme Boulos, líder do MTST.

A festa ganhou forte conotação política neste ano e contou com a presença da Presidente Dilma Rousseff, filiada no PT (partido que nasceu dentro do movimento sindical) e ameaçada por um processo de destituição.

A chefe de Estado brasileira pode ser afastada do cargo por pelo menos 180 dias pelo Senado (câmara parlamentar alta) porque é acusada de ter assinado decretos aumentando despesas sem autorização do Congresso e de realizar manobras fiscais ilegais.

Entre as pessoas que estavam no local, a ideia de realizar paralisações e protestos foi largamente apoiada. Os manifestantes aplaudiram todas as menções ao tema, gritando também palavras de ordem como "não vai ter golpe, vai ter luta".

Para o professor Marcos Medeiros, de 57 anos, greves e protestos são as melhores estratégias de representação da classe trabalhadora.

"Eu quero que uma greve geral aconteça, porque esta é a única forma de mostrarmos que não aceitamos um governo do [vice-presidente] Michel Temer", disse.

O funcionário público Alexandre Garcia, 32 anos, ressalvou que o Dia do Trabalhador neste ano representou também uma união contra o processo de destituição da Presidente.

"Hoje é um dia especial porque mostra a união dos trabalhadores que são contra o `impeachment` [destituição] da Dilma Rousseff do jeito que ele está sendo feito. Não sou filiado à CUT, mas estou aqui porque é um dia simbólico em defesa da democracia", afirmou.

Kelli Simões, 45 anos, advogada, também contou que estava no evento para demostrar o apoio à Presidente. Para ela, não existe fundamento jurídico no processo contra Dilma Rousseff.

"Se este `impeachment` passar, vai gerar uma grande insegurança, porque vai afastar um governante sem ele ter cometido crime comprovado, vai tirar a estabilidade de quem no futuro ocupar este cargo", explicou.

Sobre a greve geral, a advogada disse que pretende aderir se realmente for organizada, mas fez questão de frisar que teme uma forte repressão.

"Não acredito que os trabalhadores terão força para resistir. Muita gente tem medo de perder o emprego. Acho que teremos também várias prisões", concluiu.

Tópicos
PUB