Moscovo, 15 mar (Lusa) -- O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo afirmou hoje que Moscovo nunca desenvolveu, incluindo na era da União Soviética, qualquer programa de armas químicas "Novichok", nome do agente neurotóxico utilizado no envenenamento de um ex-espião duplo russo no Reino Unido.
"Nunca houve qualquer programa de desenvolvimento de armas químicas chamado `Novichok`, nem na URSS, nem na Rússia", disse o número dois da diplomacia russa, Serguei Riabkov, citado pela agência Interfax.
Segundo o governante, a Rússia cessou mesmo todas as suas pesquisas em matéria de armas químicas após a ratificação do Tratado sobre a Proibição de Armas Químicas, e destruiu todos os seus `stocks`.
Arma química poderosa que ataca o sistema nervoso central e pode ser fatal, o Novichok (que significa, em russo, "recém-chegado" ou "pequena novidade") terá sido concebido no maior sigilo por cientistas soviéticos nos anos 1970-1980.
A sua existência foi revelada por um dos "pais" dos agentes Novichok, Vil Mirzaïanov, de 83 anos, que está atualmente refugiado nos Estados Unidos.
Ele participou então, segundo relatou, num programa de Defesa classificado como secreto, com o nome de código "Foliant", no Instituto de Investigação de Estado para a Química e as Tecnologias Orgânicas (GNIIOKhT).
O Novichok foi apontado pelas autoridades britânicos como a substância utilizada no envenenamento no Reino Unido do ex-agente duplo russo Serguei Skripal e da sua filha Yulia, hospitalizados desde 04 de março, em estado crítico mas estável.
Nomeando Moscovo como "responsável" pelo envenenamento ocorrido em Salisbury, no sul de Inglaterra, Londres anunciou, como represália, a expulsão de 23 diplomatas russos e o congelamento dos contactos bilaterais com a Rússia.
Por sua vez, a Rússia, que clama inocência e condena uma posição britânica "absolutamente irresponsável", prometeu medidas de retaliação.