Mortes de migrantes por apurar. ONU está a investigar vala comum na fronteira entre a Líbia e a Tunísia

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Mahmud Turkia - AFP

O chefe do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, disse esta terça-feira que o seu gabinete estava a investigar os relatos de uma vala comum no deserto ao longo da fronteira entre a Líbia e a Tunísia, onde foram descobertos mais de 60 corpos de migrantes em março deste ano. No seu discurso, denunciou uma série de acontecimentos perturbadores na Líbia.

Pelo menos 65 corpos de migrantes foram encontrados numa vala comum no sudoeste da Líbia em março deste ano, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). As circunstâncias das mortes e as nacionalidades dos migrantes não foram identificadas, mas a agência da ONU estimou que as vítimas morreram no deserto num processo de tráfico humano.

O presidente do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, com sede em Genebra, na Suíça, denunciou esta terça-feira as violações "generalizadas" contra migrantes e refugiados e instou as autoridades a responderem rapidamente aos inquéritos e a investigarem estes crimes. "Os entes queridos dos que morreram têm todo o direito de saber a verdade", afirmou Volker Turk. 

"A situação dos refugiados e dos migrantes continua terrível." afirma a organização da ONU na rede social X. "Os líderes líbios devem tomar medidas urgentes para restaurar a esperança de uma vida pacífica, justa e segura para todas as pessoas", insta a organização.

Milhares de mortes no deserto por investigar
No último ano milhares de africanos subsarianos têm sido abandonados à sua sorte, sem água, comida ou assistência e com temperaturas de quase 50 graus, nas fronteiras da Tunísia com a Líbia e a Argélia. Um drama humanitário que é consequência dos acordos estratégicos assinados com a União Europeia com o objetivo de impedir que os migrantes cheguem às costas europeias.

É o caso de Fati Dosso, de 30 anos, e da filha Marie, de apenas seis, que acabaram por não aguentar a travessia do deserto depois de terem sido detidas pelas autoridades tunisinas e abandonadas à sua sorte no deserto, na fronteira entre a Líbia e a Líbia. Acabando por ser encontradas mais tarde sem vida por um jornalista líbio.

”A mulher sem rosto e a sua filha atiradas para o deserto há alguns dias não eram apenas migrantes [...] tinham uma história, uma vida", afirmou a organização Refugiados na Líbia na sua conta X, em julho do ano passado.


c/agências
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