"Morte súbita". Família de Navalny ainda não conseguiu aceder ao corpo

por Inês Moreira Santos - RTP
Clemens Bilan - EPA

Alexei Navalny morreu na sexta-feira passada e, pelo terceiro dia, as autoridades russas negaram o acesso da família ao corpo. A mãe do principal opositor de Vladimir Putin foi impedida de entrar e o advogado terá sido "literalmente empurrado" do edifício onde se localiza o necrotério, indicou a porta-voz de Navalny, acrescentando que ainda não foi confirmada a causa de morte nem o sítio exato onde está o corpo.

"A mãe de Alexei e os seus advogados chegaram à morgue esta manhã. Não foram autorizados a entrar. Um dos advogados foi literalmente empurrado para fora”, escreveu Kira Iarmich, nas redes sociais.

“Quando perguntaram à equipa se o corpo de Alexei estava lá, não respondeu”, acrescentou.


No sábado, a mãe de Navalny, Lyoudmila Navalnaya, foi para remota colónia penal, na região de Yamal no Ártico, com um advogado, tendo sido informados de que o líder da oposição russa teria morrido de “síndrome de morte súbita”, um termo vago para diferentes condições cardíacas que terminam em morte.

No entanto, as causas da morte de Alexei Navalny ainda não foram oficialmente determinadas pelas autoridades russas, que garantem que o inquérito à morte do ativista russo foi alargado.
“A Comissão de Investigação informou a mãe e os advogados que a investigação da morte de Navalny foi prorrogada. Não dizem quanto tempo vai demorar”, declarou noutra publicação Iarmich, repetindo que as causas da morte ainda são “desconhecidas”.

“Eles mentem, ganham tempo e nem escondem isso”, acusou ainda.


A família e outras pessoas próximas de Alexei Navalny acusam as autoridades russas de tentarem “apagar o rasto” dos “assassinos” ao recusarem entregar o corpo do opositor russo.

Alexei Navalny morreu subitamente, na passada sexta-feira, na prisão onde cumpria 19 anos de pena. Segundo o serviço penitenciário federal da Rússia, o ativista ter-se-á sentido mal após uma caminhada e perdeu a consciência.

A notícia da morte repercutiu-se em todo o mundo e no fim de semana centenas de pessoas em dezenas de cidades russas acorreram com flores e velas a memoriais e monumentos improvisados em homenagem às vítimas da repressão política, acabando por serem detidas muitas dessas pessoas.

Navalny estava preso desde janeiro de 2021, quando regressou a Moscovo após ter recuperado na Alemanha de um envenenamento, que atribuiu ao Kremlin. Foi condenado a três penas de prisão desde a detenção, por uma série de acusações que rejeitou, assumindo que tinham motivações políticas.

Após o último veredicto, que lhe aplicou uma pena de 19 anos, Navalny disse que compreendia que estava "a cumprir uma pena de prisão perpétua”, que se media pela duração da sua vida ou pela duração da vida do regime.

Os líderes ocidentais acusam o regime russo de ser o responsável pela morte do líder da oposição, mas o presidente da Rússia não fez comentários sobre o assunto. Recorde-se que a morte de Navalny acontece um mês antes das eleições presidenciais, que deverão levar Putin a permanecer no poder por um novo mandato de seis anos.
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