Em setembro, uma mulher polaca grávida morreu aos 30 anos por choque séptico depois de a equipa médica a ter impedido de abortar. O caso é já considerado como a primeira morte provocada pela nova lei do aborto, que entrou em vigor na Polónia em janeiro deste ano. Milhares de manifestantes protestaram, no sábado, junto ao Tribunal Constitucional, em Varsóvia, contra a lei restritiva do aborto.
“Nem mais uma”, gritavam milhares de manifestantes em Varsóvia, em frente ao Tribunal Constitucional, antes de seguirem para o Ministério da Saúde, onde acenderam várias velas em memória da grávida.
Izabela, nome pelo qual tem sido identificada, morreu em setembro, quando estava grávida de 22 semanas, depois de os médicos se terem recusado a realizar um aborto, apesar de o feto estar sem líquido amniótico e correr o risco de nascer com mal-formações. Os médicos decidiram apenas realizar uma cesariana quando o coração do bebé deixou de bater. Izabela viria a morrer de choque séptico a caminho do bloco operatório.
Apesar de a morte ter ocorrido em setembro, o caso apenas foi conhecido na semana passada e está a ser encarado por ativistas dos direitos das mulheres como uma consequência da nova lei restritiva do aborto.
O Tribunal Constitucional da Polónia, um dos países mais católicos da Europa, decidiu, no ano passado, que interromper voluntariamente uma gravidez com defeitos congénitos é contra a Constituição. A lei entrou em vigor em janeiro deste ano e estipula a proibição praticamente total de interrupções voluntárias da gravidez, exceto em casos de violação, incesto ou quando a vida da mãe está em perigo.
Os ativistas dizem que os médicos na Polónia agora esperam que um feto com mal-formações graves morra no útero em vez de ser feito um aborto. O aborto ilegal pode levar a uma pena de até oito anos de prisão.
O Governo polaco nega que a morte da grávida esteja relacionada com a nova lei e defende, por sua vez, que foi resultado de um erro médico. O ministro da Saúde, Adam Niedzielski, disse que o caso era “difícil” e precisava de uma análise cuidadosa. O ministro afirmou que serão emitidas instruções para deixar claro à obstetrícia que “a segurança da mulher é um motivo para interromper a gravidez”.
Dois médicos do hospital Pszczyna, onde Izabela foi assistida, foram suspensos das suas funções e foi já aberta uma investigação sobre o caso.