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Morte de jovem de 17 anos às mãos da polícia gera revolta em França

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Mohammed Badra - EPA

A última noite foi de violentos protestos nos arredores de Paris depois de a polícia ter matado a tiro um jovem de 17 anos durante uma operação de trânsito por conduzir sem documentos. O presidente francês, Emmanuel Macron, considerou a morte "inexplicável" e "injustificável".

Vários franceses saíram às ruas em vários subúrbios de Paris em protesto contra a morte de um jovem de 17 anos às mãos da polícia durante uma operação de trânsito, na terça-feira.

De acordo com a agência France Presse, que cita o Ministério francês do Interior, um total de 31 pessoas foram detidas, 24 agentes da polícia ficaram com ferimentos ligeiros e cerca de 40 carros foram queimados.


O jovem de 17 anos morreu na manhã de terça-feira depois de ter sido baleado pela polícia durante uma operação de trânsito. O jovem, identificado como Nahel, morreu no local com ferimentos de bala no peito depois de ter tentado fugir da polícia por estar a conduzir sem documentos.

A polícia disse inicialmente que disparou depois de o adolescente ter tentado atropelá-los. No entanto, as imagens de um vídeo amador verificado por várias agências contam uma história diferente.

O vídeo mostra dois polícias ao lado do veículo, um deles com uma arma apontada ao condutor. O carro, depois, arranca e ouve-se um tiro de seguida.
Este vídeo mostra claramente que um polícia abateu um jovem a sangue frio”, disse Me Yassine Bouzrou, advogado da família da vítima. “Vê-se o veículo arrancar, mas é proibido disparar contra uma pessoa por se recusar a acatar uma ordem. Portanto, o tiro não é regulamentar. Para que fosse regulamentar, o polícia teria de estar em perigo, a sua vida teria de estar em perigo, o que não era o caso, uma vez que se vê claramente no vídeo que os polícias estão ao lado e não à frente do veículo”, explicou. Os dois polícias foram detidos e aquele que disparou a arma está a ser acusado de homicídio culposo.

O tiroteio desencadeou um sentimento de revolta e uma série de protestos na noite de terça-feira em Nanterre, a região a oeste de Paris onde o adolescente foi morto.

Vários veículos foram queimados e foram disparadas bombas de gás lacrimogéneo pela polícia. Os confrontos espalharam-se para vários outros municípios nos subúrbios de Paris na noite de terça-feira.

O Governo lançou um “pedido de calma” para evitar uma “conflagração” para outros subúrbios. “Precisamos de manter a calma em todos os lugares porque não precisamos de uma conflagração”, declarou o chefe de Estado.


Por sua vez, a primeira-ministra Elisabeth Borne sublinhou a “exigência absoluta da verdade para permitir que o apaziguamento prevaleça sobre a raiva”.
"Inexplicável" e " injustificável"
O presidente francês Emmanuel Macron descreveu o incidente como “injustificável” e “inexplicável”.
“Nada justifica a morte de um jovem”, disse Macron.

A morte deste jovem veio reacender a polémica sobre a atuação da polícia francesa, em particular junto dos imigrantes africanos, que denunciam uma "americanização" da polícia.

O incidente desta terça-feira não é caso único. Só o ano passado, em 25 mil operações de trânsito, as autoridades francesas dispararam 150 tiros, acabando por tirar a vida a 13 pessoas.

Em 2021 foram registados três assassinatos e dois em 2020, segundo uma contagem oficial, que mostra que a maioria das vítimas era negra ou de origem árabe.

c/agências
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