O nacionalista guineense Rafael Barbosa morreu terça-feira, em Dacar, no Senegal, para onde tinha sido evacuado em tratamento médico, revelaram fontes familiares e da Presidência da República.
Rafael Barbosa, de 81 anos, fora evacuado a semana passada para Dacar, a expensas da Presidência da República, em tratamento médico, depois de ter esta do internado nos cuidados intensivos do Hospital Simão Mendes, em Bissau.
Fonte familiar disse à Lusa que o nacionalista guineense faleceu no hos pital Central de Dacar, onde se encontrava em "tratamento acompanhado".
Uma outra fonte, dos serviços de apoio à Presidência da República indic ou que o corpo do velho político será transladado para Bissau, hoje, devendo, pa ra o efeito, ser criada uma comissão oficial para preparar as exéquias fúnebres.
De acordo com a fonte da Presidência, o chefe de Estado, João Bernardo "Nino" Vieira, já deu "indicações precisas" sobre como deverão decorrer as exéqu ias, quinta ou sexta-feira.
A fonte admitiu à Lusa que Rafael Barbosa, de etnia Papel a mesma a que pertence "Nino" Vieira, venha a ter um funeral de Estado. A comissão do funeral deverá integrar elementos dos serviços do protoco lo do Estado, do governo e do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Rafael Barbosa foi militante e dirigente do PAIGC, tendo-se notabilizad o como mobilizador de vários jovens de Bissau para a causa da luta armada pela i ndependência do então território da Guiné-Portuguesa.
Oficial da construção civil na época colonial, Barbosa ficou conhecido pela sua acção de mobilização na chamada Zona Zero, círculo administrativo estab elecido pelo PAIGC na fase que precedeu o início da luta armada.
Preso pela PIDE/DGS ainda durante a luta armada, Rafael Barbosa acabari a por se incompatibilizar com o PAIGC, sobretudo, após à morte do fundador do pa rtido e "pai" das nacionalidades da Guiné e Cabo Verde, Amílcar Cabral.
Entre outros altos dirigentes do PAIGC, Barbosa viu o seu nome envolvid o na trama politica que levou à morte de Amílcar Cabral, na medida em que eram p úblicas as divergências entre os dois nacionalistas.
Novamente preso nos primeiros seis anos da independência, em 1974, Rafa el Barbosa só voltaria a estar em liberdade no dia do golpe de Estado contra o p residente Luís Cabral, movimento liderado por João Bernardo "Nino" Vieira.
Embora nunca tenha desempenhado cargos políticos no Estado guineense, R afael Barbosa fundaria o seu partido, a Frente Democrática Social (FDS), formaçã o politica que contava nas suas fileiras, entre outros, com Kumba Ialá.