Morreu esta quarta-feira o francês Jacques Delors, antigo presidente da Comissão Europeia. Esta figura da construção do projeto europeu tinha 98 anos e era considerado o "pai do euro", destacando-se como ainda entre a esquerda francesa.
O longo exercício deste cargo, que durou de 1985 a 1994, ficou marcado pelo alargamento da Comunidade aos países ibéricos, pela adoção do Ato Único Europeu e pela assinatura do Tratado de Maastricht.
Favorito nas sondagens, Jacques Delors diminuiu as esperanças da esquerda ao recusar concorrer às eleições presidenciais de 1995 no país. Na altura, 13 milhões de telespectadores assistiram em direto à sua renúncia.
Jacques Delors numa sessão plenária em Estrasburgo enquanto presidente da Comissão Europeia, em março de 1985. Foto: Parlamento Europeu
Através dos seus think tanks (grupos de reflexão) "Club Witness" e "Notre Europe" (mais tarde chamado de "Instituto Jacques-Delors", com escritórios em Paris, Bruxelas e Berlim), o francês defendeu avidamente o fortalecimento do federalismo europeu, exigindo mais "audácia" na altura do Brexit contra aqueles que considerou ataques "de populistas de todos os tipos".
Foi membro do gabinete do primeiro-ministro Jacques Chaban-Delmas, de 1969 a 1972, encarregado dos assuntos sociais e culturais, bem como das questões económicas, financeiras e sociais.
Foi professor associado da Universidade de Paris-Dauphine, de 1974 a 1979, e dirigiu o Centro de Pesquisa Trabalho e Sociedade. Foi membro do Conselho Geral da banca francesa, de 1973 a 1979. Ensinou também na Escola Nacional de Administração.
Enquanto membro do Partido Socialista francês, em 1974, e do seu comité diretor, em 1979, foi eleito parlamentar europeu em 1979 e presidiu à Comissão Económica e Monetária até maio de 1981.De maio de 1981 a julho de 1984, Jacques Delors foi ministro da Economia e das Finanças e foi também eleito presidente da Câmara de Clichy, de 1983 a 1984.
Entre o período 1992-1996, presidiu a Comissão Internacional sobre a educação para o século XXI na UNESCO.
Durante a década de 2000, foi também Presidente do Conselho de Emprego, de Receitas e da Coesão Social (CERC).
Recebeu o título de Doutor Honoris Causa de mais de duas dezenas de universidades, bem como diversos prémios e distinções: prémio Jean Monnet (1998); prémio Louis Weiss (1989); prémio Prince des Asturies (1989); prémio Charlemagne (1992); prémio Carlos V (1995); prémio Erasme (1997); prémio da economia mundial (2006); medalha Nijmegen da paz (2010).