Morreu ex-Presidente Boris Ieltsin

por Agência LUSA

O antigo Presidente russo Boris Ieltsin morreu hoje, aos 76 anos, disse o serviço de imprensa do Kremlin.

O porta-voz do Kremlin Alexander Smirnov não adiantou a causa da morte ou qualquer outra informação.

"O antigo Presidente russo Boris Ieltsin morreu hoje", declarou o porta-voz Alexander Smirnov, sem precisar a causa da morte.

De acordo com fontes médicas citadas pela agência noticiosa Interfax, a morte foi causada por uma paragem cardíaca brusca.

Ieltsin, que sofria de problemas cardíacos, foi o primeiro Presidente da Rússia pós-soviética em 1991, após o fim da União Soviética e o primeiro eleito democraticamente.

Governou o país até 1999, liderando a transição do socialismo para o capitalismo, Ieltsin foi o antecessor do actual chefe de Estado russo, Vladimir Putin, que designou como seu delfim.

Boris Ieltsin nasceu a 01 de Fevereiro de 1931 em Sverdlovsk (actualmente Ekaterinburgo).

Boris Ieltsin, o Presidente que pôs fim ao comunismo



Boris Ieltsin, que morreu hoje aos 76 anos, foi o primeiro presidente da Rússia em 1991, após o fim da União Soviética, pondo fim ao comunismo e conduzindo o país para uma economia de mercado.

O primeiro presidente eleito democraticamente na Rússia proclamou a 08 de Dezembro de 1991 a independência do país e a formação da Comunidade dos Estados Independentes, integrada também pela Bielorrússia e pela Ucrânia. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas deixava de existir.

Ieltsin liderou a transição do socialismo para o capitalismo, governando até 1999, quando foi substituído pelo actual presidente, Valdimir Putin.

Nascido a 01 de Fevereiro de 1931 numa família camponesa de Botka, perto de Ekaterinburgo (ex-Sverdlovsk), forma-se em engenharia e inicia a sua carreira política aos 37 anos, tornando-se chefe local do Partido Comunista.

Em 1981 é nomeado para o comité central do PCUS e, alvo da atenção de Mikhail Gorbatchev, torna-se em 1985 primeiro secretário do PC em Moscovo.

Quando as relações entre os dois homens se deterioram, Ieltsin é afastado do Politburgo e das suas funções ministeriais e obrigado a uma travessia do deserto entre 1987 e 1989, quando é eleito deputado por Moscovo ao Congresso Soviético e depois deputado de Sverdlovsk ao parlamento da federação da Rússia em 1990.

Fica então à frente do movimento democrático face a Gorbatchev, preso ao império soviético.

A sua popularidade continua a subir e em Junho de 1991 é eleito presidente com 57,38 por cento dos votos, atingindo o apogeu da glória quando aparece como salvador da democracia por ocasião do golpe de Agosto de 1991.

O assalto contra o parlamento conservador no Outono de 1993 e a repressão brutal do independentismo tchetcheno ensombram-lhe a imagem e as suas capacidades para dirigir o país começam a ser postas em causa devido a frequentes problemas de saúde e a uma denunciada preferência pelo álcool.

É reeleito em Julho de 1996 e pouco depois operado ao coração para colocação de cinco pontes coronárias.

A crise financeira do Verão de 1998 também contribui para o descredibilizar e Ieltsin demite-se antes do final do seu mandato, a 31 de Dezembro de 1999.

Barroso lamenta morte de Ieltsin, "referência-chave" do pós-comunismo



O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, lamentou hoje a morte ex-Presidente da Federação Russa, Boris Ieltsin, que considerou uma "referência-chave" no período após o regime comunista, enviando as condolências à família, autoridades e povo da Rússia.

Ieltsin "foi uma referência-chave na transição pós-comunista na Rússia", declarou José Manuel Durão Barroso, num texto divulgado em Bruxelas.

"Enquanto Presidente enfrentou enormes desafios e mandatos difíceis, mas conseguiu aproximar o Leste e o Ocidente e ajudou a substituir o confronto pela cooperação", referiu Barroso.

O presidente do executivo da União Europeia lembrou ainda que Boris Ieltsin enfrentou uma tentativa de golpe de Estado por parte de forças reaccionárias que queriam reimplantar a ditadura.

"Com grande coragem pessoal, foi bem sucedido na defesa da liberdade", sublinhou.



Primeiras reacções à morte de Ieltsin destacam o seu papel histórico

As primeiras reacções à morte do ex- presidente russo Boris Ieltsin, hoje em Moscovo, destacam a complexidade de uma personalidad e vista como responsável pelo fim do comunismo na Rússia mas também pela degrad ação das condições de vida dos russos.

"Foi uma figura histórica numa época de grandes mudanças e desafios para a Rússia. Apresentamos as nossas condolências à senhora Ieltsin, à sua família e ao povo russo", declarou o porta-voz da Casa Branca Gordon Johndroe.

O último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbatchev, resumiu a compl exidade de Ieltsin afirmando, numa declaração difundida minutos depois do anúnc io oficial da morte, em que descreve Ieltsin como alguém "que carregou nos seus ombros tanto grandes feitos como erros graves para o país".



Boris Ieltsin teve "um destino trágico", disse ainda Gorbatchev, o "pai" da perestroika, responsável pelas primeiras reformas políticas que levaram à diss olução da URSS.

Em Londres, o empresário russo no exílio Boris Berezovski, que enriqueceu graças às controversas privatizações russas dos anos 1990, afirmou já que a Rúss ia perdeu hoje "o seu maior reformador".

"É verdadeiramente terrível. Quero apenas dizer que este homem era o meu me ntor e que a Rússia perdeu o seu maior reformador", disse Berezovski.

Boris Ieltsin morreu hoje, aos 76 anos, na sequência de uma paragem cardíac a, segundo fonte médica citada pela agência russa Interfax sob condição de anon imato.

O porta-voz do Kremlin, Alexander Smirnof, anunciou oficialmente a morte de Ieltsin, mas não deu qualquer outra informação, incluindo a causa da morte.

Ietsin, que exerceu a presidência entre 1991 e 1999, sofria problemas cardí acos pelo menos desde 1996 quando, cerca de cinco meses depois de ser reeleito para o segundo mandato, foi submetido a uma delicada intervenção cirúrgica para a colocação de cinco pontes coronárias (bypasses).

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