Bourdain estava em gravações em França. Foi encontrado sem vida no hotel pelo amigo e chef Eric Ripert, na manhã desta sexta-feira.
De acordo com a CNN, o canal onde era emitida a atual série de Bourdain Parts Unknown, a causa da morte foi suicídio.
Anthony Bourdain ganhou vários prémios pelos seus programas irreverentes sobre gastronomia, desde Emmys ao Peabody Award. Chef, escritor e um contador de histórias exímio.
Bourdain tinha uma forma muito própria e irreverente de contar histórias
sobre comida, viagens e costumes locais. Visitava restaurantes de luxo e, logo ao lado, a
roulotte de comida.
Bourdain nasceu a 25 de junho de 1956 em Nova Iorque, descendente de franceses. A carreira começou com a culinária. Passou por vários restaurantes em Nova Iorque, Miami e Washington.
Em 1999 escreveu um artigo para a New Yorker intitulado “Não coma antes de ler isto”, que se tornou um livro best seller em 2000, o “Cozinha Confidencial: Aventuras no submundo da restauração” [“Kitchen Confidential: Adventures in the Culinary Underbelly"].
O livro lançou Bourdain para o estrelato a nível mundial.
Em Portugal, Antony Bourdain filmou por três vezes. Em 2009, foi aos Açores experimentar o cozido das Furnas, esteve em Lisboa com José Avillez e Lobo Antunes e, mais recentemente, no Porto, comeu tripas.
Primeiro, com o programa “A Cook's Tour”, no canal Food Network e depois com “Anthony Bourdain: No reservations”, no Travel Channel. Programa que foi um êxito global, ganhando dois prémios Emmy e mais de uma dúzia de nomeações. Este programa chegou a ser transmitido em Portugal.
Em 2013, Bourdain e a CNN assumiram o risco de apostar num programa seu, num canal mais conhecidos pela informação e pelos “última hora” noticiosos. Bourdain tornou-se rapidamente numa das caras do canal e presença em horário nobre. “Parts Unknown” vai já na 11ª edição na CNN, que estreou há apenas um mês.
Num artigo publicado esta sexta-feira, a CNN diz que Bourdain era um mestre na sua arte – primeiro na cozinha e depois nos media. Através dos seus programas televisivos e livros, explorou a condição humana e ajudou os espetadores a pensar de forma diferente sobre a comida, viagens e eles próprios. Era ativista pelas populações marginalizadas e fazia campanha por melhores condições de segurança no trabalho para os funcionários da restauração. Pelo caminho, recebeu quase todos os prémios que a indústria tem para oferecer”.
Em 2013, os juízes do prémio de media dos EUA, o Peabody Award, homenagearam Bourdain e o programa “Parts Unknown” por “alargar os nossos palatos e horizontes em igual medida”, destacando que conseguia nos programas revelar mais sobre as pessoas e os locais do que um jornalista tradicional podia aspirar a mostrar.
O Smithsonian chamou-o de “autêntica rock star” do mundo da culinária e o “Elvis dos bad boys chefs”.
“A sua paixão pela aventura, novos amigos e boa comida e bebida e as suas histórias memoráveis sobre o mundo, tornavam-no um ímpar contador de histórias. O seu talento nunca deixou de nos surpreender e vamos sentir muito a sua falta. As nossas preces estão com a sua filha e a sua família”, continua a CNN.