Morreu Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo). A informação foi avançada pela Televisão Independente Moçambicana. O líder histórico da oposição moçambicana tinha 65 anos.
A informação da morte de Dhlakama e foi avançada esta quinta-feira pela Televisão Independente Moçambicana (TIM). Ainda não há nenhuma confirmação oficial sobre as causas da morte, mas de acordo com a TIM, Dhlakama morreu quando aguardava, na serra da Gorongosa, por um helicóptero. Em declarações à agência France Presse, várias fontes do partido informaram que Dhlakama morreu na sequência de uma crise cardíaca.
Pedro Martins, correspondente da RTP em Moçambique, contou esta tarde na antena da RTP3 que Dhlakama terá morrido pelas 08h00 locais, antes de ser retirado de helicóptero da serra da Gorongosa a caminho da cidade da Beira onde iria, depois, ser evacuado de avião para Pretória, na África do Sul, para realizar um tratamento médico.
Na primeira reação após a morte de Dhlakama, o deputado da Renamo, André Majibre, disse à agência Lusa que a Resistência Nacional Moçambicana se irá pronunciar "oportunamente" sobre a morte do líder. Moçambique viveu 16 anos de guerra civil até à assinatura dos acordos de paz, em 1992
Desde 2016 que Afonso Dhlakama vivia refugiado na serra do Gorongosa, situada no centro do país, após uma invasão à sua residência na cidade da Beira.
O líder da Renamo já o tinha feito noutras ocasiões, aquando de reacendimentos dos confrontos entre a Renamo e as forças de defesa e segurança de Moçambique.
Dhlakama foi o principal responsável pela guerrilha contra o Governo da Frente de Libertação de Moçambique. Foi opositor ao sistema comunista vigente desde a independência, alcançada em 1975. Na análise do jornalista Paulo Dentinho, a morte do líder histórico pode ser um ponto de viragem para a Renamo.
Afonso Dhlakama concorreu a eleições presidenciais por cinco vezes, tendo perdido em todas as ocasiões (1994, 1999, 2004, 2009 e 2014). Não reconheceu a derrota em nenhuma delas, acusando o regime de falta de transparência e ameaçando o regresso à luta armada.
A Renamo combateu contra o regime da Frelimo durante 16 anos sob a liderança de Dhlakama
Protagonizou os acordos de paz, assinados a 4 de outubro de 1992 em Roma, celebrados com o Governo de Maputo na pessoa de Joaquim Chissano, então Presidente de Moçambique. Há várias décadas que a Renamo reclama a inclusão dos seus militares num sistema unificado de forças, algo que nunca foi aceite.
Apesar dos ataques recentes à comitiva do líder da Renamo, desde dezembro de 2017 que vigora uma declaração de tréguas que perdura até hoje.
Já em 2018, Dhlakama assinou um acordo com Filipe Nyusi para a realização de eleições regionais. Uma reivindicação antiga da Renamo, que continua a contar com grandes apoios na região centro do país.
Atualmente, os dois líderes negociavam a desmobilização e integração dos homens da Renamo nas Forças de Defesa e Segurança. Dhlakama aguardava o fim das negociações para sair da serra do Gorongosa.
c/ Lusa