Numa altura em que continua a aumentar o número de casos de Monkeypox por todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixa um alerta: "a situação atual é preocupante porque não se assemelha aos padrões típicos que tínhamos visto anteriormente com a varíola dos macacos".
Em declarações ao diário espanhol El Mundo o responsável deixou, porém, uma mensagem de tranquilidade: “geralmente, a varíola dos macacos não se propaga facilmente entre as pessoas, já que requer um contacto físico muito próximo”.
“Este surto é controlável, já que o risco para o público em geral parece ser baixo”, assegurou.
Ainda assim, a Organização Mundial da Saúde decidiu já alterar os planos sobre a recuperação da vacina contra o Monkeypox. “Até agora, a OMS só tinha melhorado a vacina contra a varíola como medida preventiva ou em pessoas de risco, como funcionários de laboratório ou socorristas”, que lidam diretamente com o vírus, explicou Jasarevic.
“Estava programada a revisão das orientações [sobre a vacinação] com o Grupo de Especialistas em Imunidade em outubro deste ano, mas afinal será necessário acelerar os planos”, adiantou ao El Mundo.
Segundo a OMS, a vacinação contra a varíola demonstrou proteger contra a varíola dos macacos. “Uma nova vacina contra a varíola e varíola símia [dos macacos] já foi aprovada, mas ainda não está disponível em grande parte do stock nacional de países”, explicou o porta-voz da agência especializada em saúde.
Mais três países com Monkeypox elevam total para 21
Até terça-feira estavam confirmados pelo menos 143 casos de varíola dos macacos por todo o mundo, com mais 106 casos suspeitos. Os países com mais contágios são, de momento, Portugal (com 49), Espanha (com 40) e Reino Unido (20).
As últimas nações a reportarem casos deste vírus foram os Emirados Árabes Unidos, a Chéquia e a Eslovénia, que elevaram para 21 os países com infeções – não contando com países africanos, onde o Monkeypox é habitualmente encontrado.
“Durante os últimos anos temos visto surtos na República Centro-Africana, na República Democrática do Congo, na Nigéria”, referiu Tarik Jasarevic na entrevista. “Mas é pouco habitual ver tantos casos noutros países e ver a propagação de pessoa para pessoa em países não endémicos”.
Há, por isso, “a necessidade de entender os fatores que contribuem para a transmissão em países não endémicos”, isto é, em países nos quais a varíola dos macacos não atinge habitualmente a população.
Contacto com animais em países endémicos deve ser evitado
Falando numa “explosão de casos” esta semana, o porta-voz da OMS relembrou a importância de rastrear os mesmos e indicou que o “paciente zero” – o que terá iniciado a onda de infeções na Europa – ainda não foi encontrado.
Assim sendo, “devem continuar a ser aplicadas as medidas intensivas de saúde pública nos países que identificaram infeções”. “Além do rastreamento dos contactos, deve fortalecer-se a procura de infeções ativas e vigiar-se as doenças exantemáticas (com manifestações na pele) na comunidade em geral, assim como em unidades de saúde”, aconselhou o especialista.
“Qualquer paciente com suspeitas de varíola símia deve ser investigado, isolado e cuidado”, alertou ainda. “Todos os países devem estar atentos a pacientes que apresentem erupção vesicular incomum ou pústula e febre”.
Jasarevic relembrou que os animais são um reservatório do vírus Monkeypox e, portanto, “os habitantes e viajantes em países endémicos devem ser aconselhados a evitar o contacto com animais doentes que possam ter varíola dos macacos (como roedores, marsupiais ou primatas) e abster-se de comer animais de caça”.
E, à semelhança do que foi aprendido globalmente devido ao novo coronavírus SARS-CoV-2, também neste caso deve manter-se a higienização das mãos com água e sabão ou desinfetante à base de álcool.