O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou hoje aos moçambicanos para submeterem queixas-crime em "todas as esquadras e procuradorias" contra a atuação "excessiva" da polícia durante as manifestações em contestação dos resultados eleitorais.
"Todo Moçambique, nos próximos quatro dias, vamos submeter queixas-crime em todas esquadras e procuradorias. Todas as procuradorias têm que receber processos crimes contra os nossos irmãos que foram mortos, feridos, agredidos e humilhados pela atuação excessiva da polícia", pediu Venâncio Mondlane, numa transmissão feita na sua conta na rede social Facebook.
"Todos os bairros, todos os distritos, todos quarteirões, casas, mesmo que não tenham morto ninguém na sua casa, mas se você sabe que mataram vizinho, junte-se, arranje testemunhas e vão meter queixa-crime contra a polícia que matou. Vamos inundar as esquadras e procuradorias com processos contra polícias", insistiu o candidato presidencial.
A polícia moçambicana dispersou hoje com disparos de gás lacrimogéneo centenas de manifestantes pró Venâncio Mondlane que contestam os resultados eleitorais, cantando, de joelhos, o hino nacional, no centro de Maputo.
A intervenção policial aconteceu cerca das 13:20 locais (11:20 em Lisboa), pelo menos junto à estátua de Eduardo Mondlane, na avenida central de Maputo com o mesmo nome, provocando a fuga momentânea dos manifestantes, que respondiam a um novo apelo de contestação de Mondlane, que alega que já morreram mais de 50 pessoas pela ação da polícia nas manifestações pós-eleitorais.
Venâncio Mondlane, um dos quatro candidatos presidenciais às eleições gerais de 09 de outubro, contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições e que têm ainda de ser validados pelo Conselho Constitucional.
Desde 21 de outubro que se registam consecutivas manifestações de contestação ao processo eleitoral, sobretudo em Maputo, que acabam por envolver confrontos com a polícia.