Monções no Paquistão são as mais graves em 30 anos

por Lusa
Akhtar Soomro - Reuters

O primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, afirmou hoje que as chuvas das monções, que têm causado inundações em todo o país e já mataram pelo menos 1.061 pessoas, são um fenómeno "sem precedentes em 30 anos".

Segundo o chefe de governo, que está a percorrer as zonas mais duramente atingidas, as inundações das monções que começaram em junho, são "como um oceano, há água por todo o lado".

Pelo menos 1.061 pessoas morreram, entre elas 348 menores, desde o início das monções, com 28 mortes registadas nas últimas 24 horas, avançou hoje a Autoridade Nacional de Gestão de Catástrofes paquistanesa.

A Autoridade disse que mais de 80.000 hectares de terra cultivável foram devastados e mais de 3.400 quilómetros de estradas e 157 pontes foram destruídos.

"Os efeitos das alterações climáticas estão à nossa porta", disse a ministra das Alterações Climáticas, Sherry Rehman, que há alguns dias tinha descrito o evento como a "monção monstruosa da década".

A organização não-governamental Save the Children apelou à comunidade internacional para fornecer ajuda humanitária "urgente e adicional" ao Paquistão em resposta ao desastre que assola o país há semanas.

"As inundações no Paquistão causaram perdas de vidas devastadoras. Aldeias inteiras foram engolidas pela água, deixando famílias e crianças presas", disse o diretor da Save the Children no Paquistão, Juram Gondal, que descreveu a situação como uma "devastação total".

As chuvas torrenciais, especialmente devastadoras na província meridional de Sindh, onde mais de 20 municípios ficaram submersos, fizeram com que cerca de 33 milhões de pessoas fossem afetadas pela catástrofe.

"Centenas de milhares de casas ruíram, mais de mil pessoas ficaram feridas. É evidente que se trata de uma emergência humanitária e climática maciça. As crianças são sempre as mais afetadas", argumentou Gondal.

A ONG já ajudou em 2022 mais de 11 mil pessoas no Paquistão, incluindo 5.752 crianças, através de mecanismos de resposta a inundações, e está atualmente a operar no Baluchistão, uma das províncias mais afetadas por este episódio de monções, no sudoeste do país.

Estas tempestades são comparáveis às de 2010, quando duas mil pessoas morreram e quase um quinto do país ficou submerso pelas chuvas das monções, ventos sazonais associados à alternância entre a estação das chuvas e a estação seca, que geralmente duram de junho a setembro.

As monções são comuns no país, mas este ano choveu o dobro do habitual no Paquistão e em algumas províncias a precipitação foi mais de quatro vezes superior à média nos últimos 30 anos.

As inundações chegaram também numa altura em que a economia do país está em colapso, depois de entrar numa profunda crise política desde que o primeiro-ministro Imran Khan foi deposto em abril.

O Fundo Monetário Internacional deve reunir-se hoje em Washington para aprovar um programa de empréstimo de 6 mil milhões de dólares (aproximadamenete o mesmo valor em euros), sendo já evidente que o Paquistão precisará de mais para reconstruir as infraestruturas destruídas pelas cheias.

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