Moldova. "Sim" à integração na União Europeia à frente, mas por pouco

por RTP
Maia Sandu, presidente da Moldóva, defende integração do país na União Europeia Vladislav Culiomza - Reuters

No referendo na Moldova deste domingo, a escolha recai para o Sim à integração na União Europeia e abre caminho para a alteração da Constituição do país a comprometer-se com a adesão do Bloco dos 27, afastando-se assim, da Rússia. Maia Sandu, a atual presidente da Moldova, que defende a aproximação do país da União Europeia, denuncia a curta margem do "Sim" devido "a interferência estrangeira na política" interna, alegando ter existido esquema de "compra de voto" no Não.

Embora ainda preliminares, os dados oficiais do referendo da Moldova que decorreu este domingo, colocam o "Sim" em vantagem com 50,08 por cento das escolhas e o "Não", um pouco atrás, com 49,92 por cento. Na manhã desta segunda-feira estavam pelo menos 98% dos votos contados.

A presidente da Moldova, Maia Sandu condena "agressão" à democracia e alega que esta curta margem do "Sim"resulta de interferência de "forças estrangeiras".

Sandu, dececionada com o resultado, aponta o dedo a "grupos criminosos" que se terão envolvido em fraude eleitoral.

"A Moldova enfrentou um ataque sem precedentes à liberdade e à democracia do nosso país, tanto hoje quanto nos últimos meses", argumentou Sandu, dirigindo-se a apoiantes, na capital, Chisinau.

Sublinhou que esses grupos, com a ajuda de por forças estrangeiras tentaram "minar o processo democrático e procuraram comprar cerca de 300 mil votos” do Não.

"Estamos à espera dos resultados finais e responderemos com decisões firmes", acentuou, em comunicado.

Esta chamada às urnas tem objetivo duplo, a eleição presidencial e um referendo sobre a vontade dos moldovos quererem aderir à UE. É um momento-chave que marca os dois anos e meio de guerra entre a Rússia e o Ocidente. A antiga província russa é um pequeno país do sudeste da Europa com uma população de cerca de 2,5 milhões de pessoas que, a concretizar-se a adesão ao Bloco dos 27, afasta-se da influência de Moscovo.
Sentido de voto marcado por alegada interferência russa
Antes da eleição de domingo, a polícia moldava afirmou que descobriu um esquema massivo de compra de votos, alegadamente envolvendo milhões de dólares provenientes da Rússia.

As autoridades acusaram Ilan Shor, um empresário fugitivo e ex-membro do Parlamento da Moldova que vive na Rússia, de tentar pagar os eleitores para apoiar um candidato presidencial específico e votar "não" no referendo da UE.

Shor, que foi condenado à revelia por fraude no ano passado, está sob sanções ocidentais. Porém, nega irregularidades.

No início deste mês de outubro, o chefe da polícia nacional, Viorel Cern'uanu, acusou Shor e Moscovo de estabelecer um complexo esquema de compra de eleitores "ao estilo mafioso" e subornar 130 mil moldovos - quase 10 por cento da participação eleitoral normal - para votar contra o Sim no referendo e a favor dos candidatos favoráveis à Rússia no que ele chamou de "ataque sem precedentes e direto".

A polícia alertou durante a última semana que até um quarto das mesas de voto pode ser “manchada por dinheiro russo”.

As autoridades também relevam que descobriram um plano que envolveu centenas de pessoas sendo levadas para a Rússia para serem treinadas com o intuito de realizar tumultos e criar "desordem de massa" na Moldova.

Entretanto Sandu emitiu repetidamente alertas sobre os planos russos para se intrometerem no referendo - alegações que Moscovo rejeitou.
Objetivo constitucional “irreversível”
O voto duplo num dos países mais pobres da Europa foi visto como um teste crucial da agenda pró-europeia de Sandu, já que ela pediu aos moldavos que votassem “sim” no referendo para confirmar o rumo a adesão à UE como um objetivo constitucional “irreversível”. Sandu acredita que aderir à UE ajudará a melhorar a qualidade de vida numa das nações mais pobres da Europa.

Os resultados próximo entre o Sim e o Não podem dececionar os apoiantes de Sandu e os aliados em Bruxelas.
 
As songagens pré-eleitorais indicaram que Sandu tinha uma vantagem confortável sobre o seu principal rival, Alexandr Stoianoglo, e outros candidatos. Estas inquirições sugeriram também que cerca de 60 por cento dos eleitores apoiavam o caminho pró-UE no período que antecedeu o referendo.

Por sua vez, Stoianoglo, um antigo prcurador de 57 anos apoiado pelos socialistas pró-russos, obteve apenas nove por cento da intenção do votos nas sondagens pré-escrutinio.

Se nenhum candidato ganhar por maioria, a votação irá para uma segunda volta em 3 de novembro.

Sandu, tem 52 anos e foi conselheira do Banco Mundial. Eleita presidente pela primeira vez em novembro de 2020, construiu um percurso politico assente em planos reformadores anticorrupção e acenando com uma agenda pró-europeia.

A Moldova iniciou oficialmente as negociações de adesão à UE em junho, porém, mantém-se algum ceticismo no país referente à capacidade do Governo em implementar as reformas democráticas e judiciais necessárias no futuro próximo.



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