O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, abriu esta quinta-feira uma reunião do G20 com um apelo ao fim das divisões sobre a Ucrânia, frisando que a governação global "falhou" na abordagem aos desafios internacionais.
O primeiro-ministro indiano frisou ainda que “a experiência dos últimos anos – crise financeira, alterações diplomáticas, pandemia, terrorismo e guerra – mostra claramente que a governação global falhou”.
No encontro em Nova Deli, iniciado na quarta-feira, o primeiro-ministro indiano apelou também aos chefes da diplomacia do G20 para “olharem mais além” das tensões geopolíticas. A Índia, que preside este ano ao G20, tem uma longa amizade com a Rússia e não condenou a invasão da Ucrânia. Nova Deli é também uma importante cliente militar de Moscovo e aumentou as suas importações de petróleo russo no último ano, em contraste com os países ocidentais.
A Índia pretende que a sua presidência do G20, este ano, se concentre em questões como a redução da pobreza e o aquecimento global. No entanto, a guerra na Ucrânia tem, até agora, ensombrado os pontos da agenda.
“Temos as nossas posições e perspetivas sobre a forma de resolver estas tensões. Como maiores economias do mundo, temos também uma responsabilidade para com aqueles que não se encontram nesta sala”, acrescentou.
“Não devemos deixar que os problemas que não podemos resolver juntos se atravessem no caminho daqueles a quem podemos dar resposta”, defendeu ainda Modi. Em setembro de 2022, Narendra Modi afirmou a Vladimir Putin que não era tempo de guerra, uma declaração vista como uma crítica à invasão da Ucrânia.
Agora, Modi voltou a pedir aos delegados que trabalham no sentido e um entendimento e para “superarem as diferenças”.
Na quarta-feira, o alto representante da União Europeia para as Relações Externas, Josep Borrell, revelou que estava convencido que Nova Deli usaria a reunião do G20 para fazer “Moscovo compreender que esta guerra tem de acabar”. Blinken e Lavrov na mesma sala
Pela primeira vez desde julho, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, encontrou-se na mesma sala que o homólogo russo, Sergei Lavrov.
A última reunião dos representantes diplomáticos dos EUA e da Rússia foi em janeiro de 2022, algumas semanas antes da invasão russa da Ucrânia.
Blinken voltou a apelar para que a Rússia renove o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, que expira no final de março.
O acordo assinado em julho de 2022 entre a ONU, Ucrânia, Rússia e Turquia ajudou a mitigar a grave crise alimentar provocada pela invasão russa da Ucrânia.
Sergei Lavrov vai usar a participação no G20 para atacar o Ocidente, revelou o seu Ministério em comunicado.
“A política destrutiva dos Estados Unidos e dos seus aliados empurrou o mundo para muito perto de uma catástrofe, causou um retrocesso no desenvolvimento socioeconómico, e piorou consideravelmente a situação dos países mais pobres”, acrescenta a nota.
A reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros do G20 vem depois dos titulares da pasta das Finanças não terem chegado a acordo sobre um comunicado conjunto devido às divergências sobre o conflito na Ucrânia.
A China e a Rússia foram as únicas Nações do G20 que não concordaram com os parágrafos do documento que se referem à “guerra na Ucrânia”.
c/ agências