O primeiro-ministro britânico derrubou esta segunda-feira uma moção de censura levantada pelo seu próprio partido, com 211 votos a favor e 148 contra. Boris Johnson conseguiu, assim, manter o seu lugar em Downing Street e fica impedido de ser novamente desafiado internamente durante 12 meses.
"Acho que é um resultado convincente, um resultado decisivo e o que significa é que, como governo, podemos seguir em frente e concentrarmo-nos nas coisas que realmente importam para as pessoas", disse o primeiro-ministro britânico aos jornalistas.
A moção foi impulsionada, em parte, pelos escândalos relacionados com as festas ilegais em Downing Street durante o confinamento, nas quais Boris Johnson esteve presente – um processo que ganhou o nome de “Partygate”. As polémicas deixaram Boris Johnson cada vez mais isolado dentro do Partido Conservador, com a sua popularidade a cair a pique.
O inquérito culpou o primeiro-ministro pelas festas e embora Johnson tenha assumido “total responsabilidade” pelos incumprimentos, reiterou que não vai resignar ao cargo.
O primeiro-ministro do Reino Unido e o ministro das Finanças, Rishi Sunak, foram multados por terem participado nas festas que violaram as regras vigentes durante o confinamento, no contexto da pandemia da covid-19. Até ao momento foram aplicadas 50 multas a funcionários do Governo britânico.
“Conservadores divididos que apoiam Boris Johnson sem nenhum plano para resolver os problemas que vocês estão a enfrentar. Ou um Partido Trabalhista unido com um plano para consertar a crise do custo de vida e restaurar a confiança na política”, disse Starmer no Twitter.
The choice is clearer than ever before:
— Keir Starmer (@Keir_Starmer) June 6, 2022
Divided Tories propping up Boris Johnson with no plan to tackle the issues you are facing.
Or a united Labour Party with a plan to fix the cost of living crisis and restore trust in politics.
Labour will get Britain back on track.
Em comunicado, Starmer acrescentou que é “grotesco” que os deputados conservadores tenham votado para apoiar alguém sem “sentido de dever”.
O ex-ministro David Jones disse à agência Reuters que Boris Johnson ficará “aliviado” com esta votação, mas também perceberá que “a próxima prioridade é reconstruir a coesão do partido”.
Já o ex-ministro conservador David Davis disse que o voto de confiança em Johnson foi "prematuro". Questionado sobre o que acha do resultado, Davis disse não estar surpreso. “Já me ouviram dizer que se tratou de uma votação prematura”, defendeu, afirmando que o Reino Unido irá ficar agora num “limbo” durante um ano.
Outros deputados foram menos otimistas. Um deputado conservador disse à agência Reuters sob condição de anonimato que o resultado desta segunda-feira "é claramente muito pior do que a maioria das pessoas esperava. Mas é muito cedo para dizer o que acontecerá agora".