O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, criticou hoje intimidações a pessoas com "opiniões diferentes" e pediu o uso de "ferramentas legais" para resolução de conflitos, avisando que se trata de um "Estado de direito democrático".
"A intimidação de pessoas com opiniões diferentes, a vandalização de infraestruturas públicas e privadas que a todos servem não pode ser um meio de expressar nossos sentimentos", declarou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, durante a inauguração de um tribunal judicial, no distrito de Nhamatanda, na província central de Sofala.
Referindo-se a uma nova fase de manifestações e paralisações por sete dias convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que contesta os resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, Nyusi afirmou que o recurso à violência na resolução de qualquer conflito "não é apanágio dos moçambicanos", lembrando que diferenças sempre existirão.
"Usamos as ferramentas legais para a sua resolução. Somos um país onde impera o primado da lei, um Estado de direito democrático", declarou Filipe Nyusi, repudiando atos de violência registados durante manifestações.
"Quando a lei não nos oferecer o melhor caminho, pautemos pelo diálogo para ultrapassar as nossas diferenças e nunca a violência, a extorsão de passageiros", acrescentou o chefe do Estado moçambicano.
No mesmo discurso, Filipe Nyusi criticou os países que supostamente apoiam os autores das manifestações, apontando-os como fomentadores da violência.
"Não o fazem em seus países e até estão a retirar seus concidadãos para não sofrer violência. E nós para onde iremos? Quem vai nos retirar se a nossa terra é essa?", questionou Nyusi.
O Presidente de Moçambique voltou a apelar igualmente à não participação de crianças nas manifestações.
"Reiteramos o nosso apelo à sociedade, em particular às famílias, no sentido de proteger as nossas crianças. Temos experiência de crianças que cresceram a ver os pais sempre em pancadarias e tornam-se violentas porque acham que é assim mesmo como as coisas são", insistiu.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou a uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, que começou quarta-feira, em "todos os bairros" de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 08:00 às 16:00.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.