Moçambique. PR alerta para existência de financiadores de grupos armados nas cidades

por Lusa

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse hoje que financiadores dos grupos armados que protagonizam ataques em Cabo Delgado estão nas cidades, incluindo Maputo, a capital.

"Aqueles terroristas lá em Cabo Delgado comem, conseguem equipamento para matar pessoas e onde é que arranjam o dinheiro? Das poucas vezes que conseguem abrir a boca nas investigações, eles não apontam fontes que estão lá [em Cabo Delgado]. São fontes que estão nas cidades, incluindo a cidade da Beira e Maputo", disse o chefe de Estado, durante a inauguração de tribunais em Sofala, no centro de Moçambique, sem avançar mais detalhes.

Filipe Nyusi pediu a atenção e contribuição de todos no combate ao terrorismo no norte de Moçambique, referindo não se tratar apenas de uma responsabilidade das Forças de Defesa e Segurança.

"É preciso estarmos atentos, não podemos pensar que o terrorismo só se vai combater com os jovens das Forças de Defesa e Segurança no terreno, não, não chega. É preciso nós começarmos a trabalhar por aqui para cortar da raiz a sua atividade", frisou o Presidente.

Em 22 de agosto de 2022, Nyusi denunciou a existência de proprietários de postos de combustível na província de Sofala, no centro de Moçambique, que usam o negócio para lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo em Cabo Delgado, no Norte.

Hoje, durante o seu discurso, referiu que alguns proprietários de postos de combustível fugiram da província de Sofala, após uma denúncia.

"[Como] resultado [da denúncia] começamos a ver pessoas a abandonarem as bombas e a fugirem, não sei o que terá acontecido. Para dizer que às vezes as pessoas têm peso na consciência daquilo que fazem", disse o chefe de Estado.

Na altura, a Associação dos Revendedores e Retalhistas de Combustíveis em Moçambique (AROMOC) manifestou surpresa com as acusações do Presidente da República de que operadores do setor têm financiado grupos armados que atuam no norte do país.

Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

A população de outros distritos da província tem relatado a movimentação destes grupos de insurgentes, que provocam o pânico à sua passagem, nas matas, mas sem registo de confrontos, o que acontece numa altura em que os camponeses tentam realizar trabalhos de colheita nos campos de cultivo.

O Presidente de Moçambique afirmou em 16 de junho que a ação das várias forças de defesa permitiu acabar com "praticamente todas" as bases dos grupos terroristas que operam em Cabo Delgado, que se limitam agora a "andar no mato".

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