O Presidente moçambicano disse hoje que o país nunca recusou apoios, mas deve escolher quais os indicados, entre os oferecidos pelos amigos e países vizinhos, para combater a insurgência em Cabo Delgado, no norte de país.
Segundo Nyusi, impõe-se "a correta escolha pelos moçambicanos do tipo de apoios" provenientes de "amigos e países vizinhos perante a ameaça".
"Nunca recusámos apoios, pois várias vezes afirmámos que nenhum país é capaz de combater sozinho o terrorismo", acrescentou.
"Estas ações envolvem a costa do oceano Índico, assim como o controle migratório das fronteiras que partilhamos, esforços conjuntos em diferentes tipos de meios e recursos, incluindo inteligência [recolha e análise de informação]" e "irão contribuir para prevenir a radicalização, o terrorismo e desastre humanitário que acarreta", sublinhou.
A ideia foi expressa pelo chefe de Estado durante a sua primeira visita à província após os ataques armados de há cerca de um mês contra Palma, vila do maior projeto de gás do país.
Filipe Nyusi presidiu à cerimónia de lançamento de um plano de emergência no valor de 100 milhões de dólares (82,6 milhões de euros) apoiado pelo Banco Mundial para fazer face à crise humanitária e durante o discurso falou de um "plano completo para desarmar, derrotar os terroristas e extremistas violentos, tendo como objetivo principal o retorno à normalidade nos distritos afetados".
Um plano que exige "coragem, determinação, persistência e o tempo necessário" para "capacitação e modernização das Forças de Defesa e Segurança (FDS)" e escolha dos apoios externos.
A posição de Nyusi surge um dia antes de Maputo acolher a Cimeira Extraordinária da Troika da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que vai debater o conflito em Cabo Delgado e o apoio dos países vizinhos.
Durante o encontro será apresentado o relatório de uma missão técnica da SADC que propõe o envio de 2.916 militares para ajudar Moçambique no combate a grupos terroristas, ao longo de quatro fases, o envio de vários meios desde navios a helicópteros e `drones`, entre outras medidas.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo `jihadista` Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.
O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.