O número de vítimas mortais da passagem do ciclone Idai por Moçambique aumentou para 598, indicou esta terça-feira o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades do país. Relativamente ao balanço oficial da véspera, o número de mortes cresce em 80.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades revela também números para os danos no sistema de ensino, nas culturas agrícolas e nas estruturas de saúde.
Dezanove dias depois de o Idai ter fustigado a província moçambicana de Sofala, há 3.344 salas de aula danificadas, com consequências para 150.854 alunos. O número de unidades sanitárias nas mesmas condições é de 54. Há 715.378 culturas inundadas, das quais 34.139 estão “parcialmente destruídas” e 62.153 “totalmente destruídas”.
Fixa-se em 15.784 o número de casas inundadas, em solo moçambicano, pelas cheias decorrentes do ciclone que se abateu a 14 de março sobre Moçambique, Malawi e Zimbabué.
Cólera. “Resposta positiva”
Na frente dos cuidados de saúde, o surto de cólera está ainda no topo das preocupações das autoridades locais e das organizações não-governamentais a operar na região da cidade da Beira.
Pedro Martins, correspondente da RTP em Moçambique
O diretor nacional de Assistência Médica afirmava na segunda-feira que foi bem-sucedido o tratamento prestado a perto de 90 por cento dos casos diagnosticados no centro de Moçambique.
“Esta resposta da primeira semana é positiva, se olharmos para a nossa capacidade de gestão e tratamento de casos em cerca de 90 por cento”, adiantou Ussene Isse.
Os mais recentes dados epidemiológicos apontam para 1.046 casos. Destes, 949 foram tratados. Permanecem internadas 102 pessoas. A doença causou uma morte.
O número de casos confirmados tem, todavia, crescido a um ritmo diário. E além da cólera os serviços de saúde debatem-se com a progressão da malária.
Na cidade da Beira, a diretora da Organização Mundial da Saúde para África, Matshidiso Moeti, apelou às entidades sanitárias à escala internacional para que prestem assistência ao Governo moçambicano na resposta ao surto.
A OMS prepara-se para pôr em marcha, na quarta-feira, uma campanha de vacinação contra a cólera, dotada de 900 mil doses. O objetivo é abranger as populações da Beira e dos distritos de Dondo, Nhamatanda e Buzi.
Ilesh Jani, diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde de Moçambique, sublinhou que “a vacina tem uma eficácia superior a 80 por cento”, tendo já sido empregue no passado, em situações análogas, pelas autoridades do país.
c/ Lusa