O ministro da Defesa de Moçambique disse hoje que os terroristas estão a ser abatidos e se encontram "numa situação muito dramática", em resultado de "operações intensas" que decorrem em Cabo Delgado, apoiadas por forças ruandesas.
"O que devemos assegurar ao povo moçambicano é que os terroristas neste momento se encontram numa situação muito dramática, porque as operações estão a ser intensas e eles estão a ser fustigados", disse Jaime Neto, à margem da cerimónia de acreditação de novos adidos militares, em Maputo.
O ministro da Defesa disse ser difícil contabilizar o número de insurgentes abatidos nas operações, numa reação a um anúncio feito pelas autoridades do Ruanda, em Kigali, sobre o abate de 14 terroristas em Cabo Delgado em operações desenvolvidas pelo contingente daquele país que está no Norte de Moçambique.
"Não foi abatido apenas este número [de terroristas]. Trata-se do que foi contabilizado do lado do Ruanda, mas as nossas operações aéreas, assim como terrestres, têm estado a desenvolver um trabalho muito grande", referiu Jaime Neto.
"É muito difícil [estimar o número de terroristas abatidos], mas a verdade é que estão a sofrer baixas e muitas", concluiu o governante.
As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique contam, desde o início do mês, com o apoio de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral entre o Governo moçambicano e as autoridades de Kigali.
Além do Ruanda, Moçambique terá apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), num mandato de uma "força conjunta em estado de alerta" aprovado em 23 de junho, numa cimeira extraordinária da organização em Maputo que debateu a violência armada naquela província, havendo militares de alguns países-membros já no terreno.
Não é publicamente conhecido o número de militares que a organização vai enviar a Moçambique, mas peritos da SADC, que estiveram em Cabo Delgado já tinham avançado em abril que a missão deve ser composta por cerca de três mil soldados.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo Estado Islâmico.
Há mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.