Um grupo armado desconhecido matou um número por calcular de habitantes de uma aldeia de Cabo Delgado, norte de Moçambique, entre os quais membros de milícias locais, disse hoje à Lusa fonte residente em Nangade.
"Os terroristas fizeram estragos: desta vez foram três dias em Muia, a matar", descreveu a fonte, explicando que quando as forças militares chegaram àquela aldeia do distrito de Nangade "encontraram membros da força local e alguns civis mortos".
As designadas "forças locais" são grupos de voluntários, sobretudo ex-combatentes, que têm pegado em armas em vários pontos da província para se defenderem.
Ao mesmo tempo, quase todas as casas da aldeia foram reduzidas a cinzas.
Uma nova equipa de militares foi destacada na quinta-feira para Muia com o fim de "repor a ordem e tranquilidade", enquanto à vila sede de distrito continuam a chegar pessoas em fuga das aldeias em redor.
Algumas pessoas passam por Nangade para tentar chegar a outros pontos da província, mas sem sucesso, porque os ataques têm acontecido ao longo da estrada e há receio de circular.
O distrito tem sido alvo de vários ataques durante este mês.
Nangade está entre duas partes distintas de Cabo Delgado: a nascente faz fronteira com Palma e Mocímboa da Praia, palco dos principais confrontos, e do lado poente com Mueda, que tem servido de refúgio para milhares de deslocados.
À medida que a ofensiva apoiada pelo Ruanda e Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) avança, suspeita-se que também os rebeldes fogem para distritos e províncias vizinhas, dando origem a estes novos ataques contra povoações.
A província de Cabo Delgado, é rica em gás natural, mas, aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 859 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.