Moçambique. Força govermental pronta para operações militares de "qualidade"

por Lusa

O comandante da Missão de Treino da União Europeia em Moçambique disse hoje que a força moçambicana, treinada para combater a insurgência em Cabo Delgado, está pronta para operações com "qualidade", após a entrega de certificados ao último grupo.

"A Missão de Treino da União Europeia em Moçambique (EUTM-MOZ) entrega hoje uma força pronta para desempenhar operações militares com qualidade e no respeito pelos princípios dos direitos humanos, da lei humanitária e da proteção de mulheres e crianças em zonas de conflito", disse João Gonçalves, após a entrega de certificados aos formandos na Escola de Fuzileiros da Katembe, em Maputo, onde está localizado o campo de treino europeu.

O comandante afirmou que a EUTM-Moçambique termina o seu primeiro mandato com o garante de recursos humanos devidamente formados para continuar a treinar militares moçambicanos, visando regenerar as forças de reação rápida do país, considerando que a missão europeia deixa um legado além do seu mandato.

Gonçalves disse ainda que os militares moçambicanos treinados pela EUTM estão preparados para o emprego de ações rápidas e decisivas e de forma "precisa e cirúrgica", o que vai contribuir para o sucesso das operações no terreno.

"Desejamos a todos boa sorte e sucesso nas lutas que tenham de enfrentar confiantes que tudo fizemos para garantir a qualidade dos formandos por nós treinados", referiu o major.

Ainda hoje, a EUTM inaugurou uma incineradora hospitalar, financiada pelo Luxemburgo com um total de 10 mil euros, e um depósito de munições financiado pela Áustria num valor de 50 mil euros.

A incineradora hospitalar deverá assegurar melhores condições ambientais e de segurança às populações locais e o depósito de munições servirá para garantir as devidas condições de armazenamento e manuseamento de material explosivo e perigoso.

A Missão de Treino da União Europeia em Moçambique (liderada por Portugal, formou mais de 1.700 militares moçambicanos das forças especiais que já combatem o terrorismo em Cabo Delgado, província fustigada por ataques de grupos rebeldes desde 2017.

Em maio, o Conselho da União Europeia anunciou a prorrogação da missão até junho de 2026, com um orçamento previsto de 14 milhões de euros.

A União Europeia anunciou também a adaptação dos objetivos estratégicos da missão, que transita de um modelo de treino para um de assistência, passando, assim, a designar-se Missão de Assistência Militar da UE em Moçambique (EUMAM Mozambique), com efeito a partir de 01 de setembro deste ano.

Os comandos e fuzileiros moçambicanos formados pela EUTM-MOZ já estão no terreno, numa altura em que está em curso a retirada das forças militares dos países da África Austral que apoiavam Moçambique no combate ao terrorismo.

A missão de formação EUTM-MOZ integra 119 militares de 13 Estados-membros, mais de metade de Portugal, mas tem a particularidade de integrar outros dois países, fora da União Europeia, que contribuem com um militar cada, casos da Sérvia e de Cabo Verde.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que também apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.

Desde o início de agosto, diferentes fontes no terreno, incluindo a força local, têm relatado confrontos intensos entre a missão militar conjunta e os insurgentes nas matas do posto administrativo de Mucojo (Macomia), envolvendo helicópteros, blindados e homens fortemente armados, com relatos de tiroteios em locais considerados como esconderijos destes grupos.

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