Moçambique. EUA alertam os seus cidadãos sobre movimentações terroristas em Niassa

por Lusa

O Governo norte-americano alertou para movimentações de grupos terroristas na Reserva Especial do Niassa (REN), província vizinha de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, sugerindo aos seus cidadãos que reconsiderem viagens à região.

"O Governo dos EUA recebeu informações de que terroristas atacaram aldeias nos limites da Reserva Especial do Niassa, antes de entrarem na reserva e fazerem reféns num pavilhão de caça particular. As forças de segurança moçambicanas estão engajadas. Fiquem atentos ao aumento da violência nas fronteiras sudeste e leste da Reserva Especial do Niassa", lê-se numa nota dirigida a cidadãos norte-americanos em Moçambique, publicada na página da embaixada dos EUA.

Face à insegurança na região, os Estados Unidos da América (EUA) sugerem que sejam reconsideradas viagens para a Reserva do Niassa, vilas e propriedades de caça vizinhas, revisão de planos de segurança pessoal, monitorização da comunicação social local para atualizações sobre mudanças nas condições e inscrição no programa de viagens "Smart Traveler Enrollment Program (STEP)" para receber atualizações de segurança.

Em causa estão as alegadas incursões de grupos armados, na quinta-feira, na Reserva ecológica de Niassa, área com 42 mil quilómetros de terra em oito distritos que abrangem Cabo Delgado, regiões do norte de Moçambique.

Informações que circulam nas redes sociais indicam que o grupo, ainda em número indeterminado, entrou numa aldeia da reserva, gerando pânico entre os residentes.

O ministro da Defesa de Moçambique reconheceu, na sexta-feira, a existência de grupos terroristas na Reserva Especial de Niassa (REN), que faz fronteira com Cabo Delgado, região que desde 2017 enfrenta uma insurgência armada.

"Temos conhecimento [...] São terroristas e nós estamos atrás deles", disse Cristóvão Chume, à margem de uma cerimónia de acreditação de adidos de defesa de alguns países, em Maputo.

Na nota publicada na quinta-feira, os EUA referem que continuam a monitorizar a situação e reiteram o compromisso de trabalhar com Moçambique no combate à violência armada no norte do país.

A província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.

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