A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) apelou hoje às partes envolvidas no processo eleitoral em Moçambique para que "ajam com serenidade e responsabilidade" e disponibilizou-se para apoiar iniciativas que promovam a paz e a estabilidade.
Em comunicado, a presidência rotativa da CPLP, a cargo de São Tomé e Príncipe, afirmou estar a acompanhar os resultados definitivos anunciados pelo Conselho Constitucional (CC) da República de Moçambique, que confirmaram Daniel Chapo como Presidente eleito, assim como os recentes acontecimentos marcados por manifestações e episódios de violência após as eleições de 09 de outubro deste ano.
O CC de Moçambique proclamou hoje Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi.
A organização lusófona apelou "a todas as partes envolvidas para que ajam com serenidade e responsabilidade, priorizando o diálogo construtivo como o caminho mais eficaz para superar as diferenças e promover a estabilidade".
"Dada a forte relação histórica, cultural e de amizade com o povo moçambicano, a CPLP expressa a sua solidariedade a todos os cidadãos neste momento sensível", prossegue-se no comunicado.
A CPLP manifestou ainda a sua disponibilidade para "apoiar iniciativas que promovam a paz, a estabilidade e os valores democráticos".
De acordo com a proclamação feita, Venâncio Mondlane obteve 24,19% dos votos, Ossufo Momade 6,62% e Lutero Simango 4,02%.
Enquanto decorria a leitura do acórdão de proclamação dos resultados, já manifestantes, apoiantes de Venâncio Mondlane, contestavam na rua, com pneus em chamas.
A proclamação destes resultados pelo CC confirma a vitória de Daniel Chapo, jurista de 47 anos, atual secretário-geral da Frelimo, no poder, anunciada em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), mas na altura com 70,67%.
Esse anúncio da CNE desencadeou durante praticamente dois meses violentas manifestações e paralisações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não os reconhecia, provocando pelo menos 130 mortos em confrontos com a polícia.