O Consulado-Geral de Portugal em Maputo criou um grupo na rede social Whatsapp com o intuito de "disponibilizar um canal de comunicação direta adicional", tendo em conta a atual "situação de instabilidade" em Moçambique.
"Face à atual situação de instabilidade, o Consulado-Geral de Portugal em Maputo criou um canal Whatsapp para disponibilizar um canal de comunicação direta adicional", adianta.
"Este canal é exclusivamente destinado à comunidade portuguesa na área de jurisdição do Consulado-Geral para contactos em contexto de situações de crise", acrescenta ainda o Consulado-Geral em Maputo.
O Consulado recorda ainda os números do Gabinete de Emergência Consular (+ 351 217 929 714 | + 351 961 706 472) e o endereço de correio eletrónico (gec@mne.pt).
Acrescenta ainda o número de emergência do Consulado-Geral de Portugal em Maputo (+258 843987647).
Manhã de confrontos violentos
As últimas semanas têm sido de tensão e protestos em Moçambique desde as eleições presidenciais de 9 de outubro. Duas semanas depois, a 24 de outubro, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder desde 1975.
A divulgação dos resultados provocou protestos populares, em grande parte convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, do partido Podemos, que não reconheceu os resultados.
Os protestos nas ruas têm sido constantes e Mondlane convocou uma paralisação geral de sete dias que começou a 31 de outubro. Na última semana ocorreram protestos em várias cidades do país e a derradeira manifestação de concentrou-se hoje na capital, Maputo.
De acordo com a agência Reuters, esta foi a maior manifestação desde que foi anunciado o resultado eleitoral. A polícia dispersou centenas de pessoas com gás lacrimogéneo e, ao final da tarde de quinta-feira, ainda não havia um balanço oficial de feridos.
Depois dos tumultos violentos que foram enfrentados por polícia e militares, a capital moçambicana anoiteceu praticamente deserta esta quinta-feira, apenas com os vestígios dos incidentes desta manhã.
Resultado eleitoral ainda não foi validado
O correspondente da RTP em Maputo, Tiago Contreiras, conta que há relatos de barricadas em bairros periféricos da capital moçambicana. Ainda não há balanço do número de detidos.
Ao anoitecer, ainda existem muitos bloqueios de ruas e de avenidas em Maputo que antecipam uma possível noite de tensão, esta quinta-feira.
O correspondente da RTP realça a incerteza sobre o fim deste impasse, uma vez que os resultados eleitorais apurados pela Comissão Nacional de Eleições têm de ser validados pelo Conselho Constitucional Moçambicano.
Não existem prazos definidos na lei para que essa promulgação seja reconhecida. A Frelimo, no poder desde 1975 e declarada vencedora das eleições gerais de outubro, acusa os manifestantes de tentativa de golpe de Estado.
Venâncio Mondlane tinha garantido a sua presença nos protestos desta
quinta-feira mas continua ausente do país há pelo menos duas semanas, desde que foi atacado com gás lacrimogéneo. O candidato da oposição que tem incitado as manifestações encontra-se em parte incerta e afirma apenas que está fora do território moçambicano.