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MNE turco alerta para consequências dos bombardeamentos de Israel na Síria

por Andreia Martins - RTP
Foto: Yves Herman - Reuters

O ministro turco dos Negócios Estrangeiros salientou que o país "não está à procura de confrontação" com Telavive na Síria, mas alertou para os possíveis perigos para que os repetidos ataques de Israel em solo sírio podem acarretar para a região, nomeadamente na contenção do Estado Islâmico.

Em declarações à margem da reunião entre ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO, esta sexta-feira em Bruxelas, Hakan Fidan alertou que as ações de Israel na Síria estão a alimentar a instabilidade regional, quando o país ainda procura o seu caminho pouco mais de três meses após a queda do regime de Bashar al-Assad.

Nos últimos dias, o exército israelita afirmou ter atacado quartéis-generais e locais de armazenamento de armas e equipamentos no sul da Síria. Segundo Telavive, os bombardeamentos aéreos visavam eliminar “ameaças futuras”.

Desde a queda do regime sírio, em dezembro de 2024, que as autoridades israelitas veem os islamitas no poder como uma ameaça crescente na fronteira, desconfiando também da influência de Ancara em Damasco.

“Não queremos nenhum confronto com Israel na Síria, porque a Síria pertence aos sírios. (…) Se querem ter certos entendimentos com os israelitas, o problema é deles”, vincou Hakan Fidan em entrevista à agência Reuters.

A Turquia, membro da NATO, tem sido uma das vozes mais críticas de Israel pelos seus ataques a Gaza desde o 7 de outubro, acusando Telavive de genocídio contra os palestinianos. Agora, a animosidade entre as duas potências propaga-se também à questão da Síria, país que faz fronteira com ambos os países. 
Israel está a eliminar capacidades militares sírias “uma a uma”
Na quinta-feira, o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, acusava Ancara de querer transformar a Síria "num protetorado turco". Israel Katz, ministro Israelita da Defesa, avisou o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, que a Síria "pagaria um preço muito elevado" se permitisse que "forças hostis a Israel" entrassem no país.

Já esta sexta-feira, o ministro turco dos Negócios Estrangeiros alertou para a possibilidade de combatentes do Estado Islâmico ou militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) se aproveitarem da “ausência de forças regulares” e capacidades militares neste “período de transição” que a Síria atravessa.

"Infelizmente, Israel está a eliminar, uma a uma, todas estas capacidades que um novo Estado [sírio] pode utilizar contra o Estado Islâmico e outros ataques e ameaças terroristas", vincou o MNE turco.

Para o responsável, o que Israel “está a fazer na Síria não está só a ameaçar a segurança do país, mas também a abrir caminho” para fomentar “instabilidade” no Médio Oriente.

“Não creio que seja bom para o futuro de Israel na região”, concluiu.

Já esta sexta-feira, um alto responsável israelita citado pela agência Reuters afirmou que Israel "não está à procura de um conflito com a Turquia" na Síria, esperando que a Turquia "também não esteja à procura de um conflito connosco".

Numa declaração sob anonimato, o alto responsável adiantou, no entanto, que Telavive "não quer ver um entrincheiramento turco" junto à sua fronteira.

(com agências internacionais)
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