Rodrigo Antunes - Lusa
João Gomes Cravinho acredita que Moscovo está, após a turbulência dos últimos dias graças ao motim protagonizado pelo grupo Wagner, numa situação de "fragmentação do poder" e de ausência de coesão. O ministro português dos Negócios Estrangeiros falou aos jornalistas à margem de uma reunião dos MNE da União Europeia no Luxemburgo.
“É o mínimo que se pode dizer, mas não sabemos exatamente em que termos. Houve manifestações de preocupação em relação aos efeitos sobre o continente africano”, adiantou ainda o MNE, referindo-se ao “papel profundamente nocivo” que o grupo Wagner representa para vários países, como “a República Centro-Africana, Mali, Burkina Faso, entre outros”.
“Não sabemos agora se a Wagner vai investir ainda mais em África ou se terá outras funções. Mas qualquer sítio onde a Wagner esteja é fonte preocupação, e se reforçar a sua presença em África isso é algo que deve ter também uma resposta da parte da União Europeia, em termos de maior apoio a esses países, para que não tenham de depender da Wagner”, explicou.
Sobre os apoios à Ucrânia, Gomes Cravinho referiu que "não há nenhum ministro das Finanças dos 27 que fique alegre com a necessidade de investirmos tanto dinheiro num mecanismo europeu de apoio à paz”, mas disse acreditar que “todos os ministros das Finanças e todos os primeiros-ministros e presidentes no âmbito da União Europeia percebem que é necessário fazer esse esforço atendendo às circunstâncias excecionais que vivemos”.
Para o MNE português, “o fundamental é continuar a apoiar a Ucrânia”. “Ainda não há uma visão perfeitamente clara daquilo que se passou na Rússia, talvez demore algum tempo, mas isso não nos deve distrair do essencial”, declarou.
“E o essencial é continuar o forte apoio militar e o forte apoio político à Ucrânia para que seja, no final deste processo, a Ucrânia a determinar quais são os termos da paz e não o agressor”, defendeu.