A chefe da diplomacia alemã desvalorizou hoje o cessar-fogo russo na Ucrânia por ocasião do Natal ortodoxo, afirmando que não trará "nem liberdade nem segurança às pessoas que vivem diariamente com medo sob ocupação russa".
"Se Putin quisesse a paz, retiraria os seus soldados para casa e a guerra acabaria", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, numa mensagem no Twitter.
"Aparentemente, [Putin] quer continuar a guerra, depois de uma breve interrupção", considerou a chefe da diplomacia alemã
O Presidente russo, Vladimir Putin, decretou hoje que as tropas russas a combater na Ucrânia observarão um cessar-fogo de 36 horas entre o meio-dia de 06 de janeiro e a meia-noite de 07 de janeiro.
Num comunicado, a Presidência russa (Kremlin) afirmou que Putin respondeu a um apelo do patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo, divulgado hoje de manhã.
Putin indicou que "um grande número de cidadãos que professam a religião ortodoxa vivem em zonas de combate".
"Apelamos ao lado ucraniano para que declare um cessar-fogo e lhes dê a oportunidade de irem à igreja na véspera de Natal, bem como no dia da Natividade", disse ainda Putin na ordem dirigida ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, publicada na página de internet do Kremlin.
O patriarca Cirilo tinha apelado hoje aos beligerantes "no conflito fratricida para os convocar a estabelecer um cessar-fogo e selar uma trégua de Natal".
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, também tinha pedido hoje, numa conversa telefónica com Putin, a adoção de um "cessar-fogo unilateral" na Ucrânia para poder ser negociada "uma solução justa".
Erdogan manteve também um contacto telefónico com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que disse terem discutido "a cooperação de segurança bilateral e questões de segurança nuclear", além da "troca de prisioneiros de guerra com a mediação turca e o desenvolvimento do acordo de cereais" e que agradeceu "a disposição de Turquia em participar da implementação de nossa Fórmula da Paz".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.