O presidente polaco diz ser "muito provável" que o país ative o Artigo 4.º da NATO numa reunião com a Aliança Atlântica já esta quarta-feira, depois de dois mísseis russos terem atingido o país, caindo na área junto à fronteira com a Ucrânia.
Os líderes do G7 estão a organizar uma cimeira de emergência já para esta quarta-feira em resposta ao ataque com mísseis na Polónia, avança a agência de notícias Kyodo, citando uma fonte do Governo japonês.
Uma reunião que estava planeada para o Japão e outra para o Reino Unido terão sido suspensas.
Após a queda de dois mísseis alegadamente russos no seu território, a Polónia prepara-se para invocar o Artigo 4 da NATO, que envolve conversações entre os países membros e que já foi ativado por sete vezes.
Não havendo dados que apontem para um ato deliberado de ataque à Polónia por parte da Rússia, que permitiria invocar o Artigo 5 - segundo o qual, o ataque a um país é um ataque a todos - a Polónia prepara-se para ativar o Artigo 4, que determina conversações entre os membros.
Desde a formação da NATO, em 1949, o Artigo 5 apenas foi invocado uma única vez - a seguir ao ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos - e o Artigo 4 já foi ativado por sete vezes, sobretudo pela Turquia.
O presidente polaco diz "não haver ainda provas conclusivas sobre quem lançou o míssil", mas que "muito provavelmente é de fabrico russo".
"Está tudo sob investigação neste momento", acrescentou.
A Casa Branca avança que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou ao telefone com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.
O presidente da Polónia, Andrzej Duda, diz ser "muito provável" que o país ative o Artigo 4.º da NATO numa reunião com a Aliança Atlântica já esta quarta-feira. "O que aconteceu foi um acidente inédito", acrescentou.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Polónia anunciou em comunicado que um míssil produzido na Rússia caiu esta terça-feira em Przewodów, perto da fronteira com a Ucrânia, às 15h40 locais.
O Ministério polaco comunicou ainda que intimou o embaixador russo na Polónia para fornecer explicações sobre o incidente, que provocou dois mortos.
“O ministro dos Negócios Estrangeiros, Zbigniew Rau, convocou o embaixador da Federação Russa no Ministério dos Negócios Estrangeiros e exigiu explicações detalhadas imediatas”, lê-se no comunicado.
O presidente Joe Biden ofereceu ao presidente polaco Andrzej Duda “apoio total” dos EUA na investigação sobre uma explosão que matou duas pessoas perto da fronteira com a Ucrânia,
"O presidente Biden ofereceu apoio e assistência total dos EUA à investigação da Polónia", indicou esta terça-feira a Casa Branca.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que não tem informações sobre a explosão na Polónia.
"Infelizmente, não tenho informações sobre isso", disse Peskov em resposta a uma pergunta da Reuters.
O Ministério russo da Defesa negou que mísseis russos tivessem atingido a Polónia esta terça-feira.
O corresponde de segurança da BBC, Frank Gardner, considera que o ataque com mísseis desta terça-feira em território polaco “não parece ter sido deliberado”.
“O Kremlin sabe que tal jogada acionaria potencialmente o Artigo 5 da constituição da NATO, o que, teoricamente, levaria toda a aliança a sair em defesa da Polónia”, disse Gardner.
O correspondente da BBC considera que era “um questão de tempo” até que algo assim acontecesse, dado que nos últimos dias, a Rússia tem lançado mísseis contra alvos ucranianos próximos da fronteira com a Polónia.
“Esta não é uma posição em que NATO deseja estar, especialmente apenas um dia depois de os chefes de espionagem da Rússia e da América terem reunido para discutir como evitar uma escalada desnecessária nesta guerra”, afirmou.
O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, James Cleverly, indicou que o Reino Unido está a “olhar com urgência” para as informações sobre “mísseis” em território polaco.
No Twitter, o responsável indicou que as autoridades britânicas estão “em contacto” com “os nossos amigos polacos” e com os aliados da NATO.
We are urgently looking into reports of missiles landing in Poland, and are in contact with our Polish friends and NATO allies.
— James Cleverly🇬🇧 (@JamesCleverly) November 15, 2022
22h18 - Lituânia discute liderança regional após explosão na Polónia
O presidente e o primeiro-ministro polacos vão discutir a segurança regional com as autoridades do país já esta quarta-feira pelas 7h00 locais (5h00 em Lisboa). A informação foi confirmada esta terça-feira por ambos os gabinetes após a explosão em território polaco, junto à fronteira com a Ucrânia.
O presidente da Polónia, Andrzej Duda, está neste momento a conversar com seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse o seu gabinete no Twitter esta terça-feira, depois de mísseis russos terem caído em território polaco e provocado a morte de duas pessoas.
Trwa rozmowa Prezydentów @AndrzejDuda i @ZelenskyyUa. pic.twitter.com/opXQutMEGS
— Kancelaria Prezydenta (@prezydentpl) November 15, 2022
Andrzej Duda deverá falar também com Joe Biden ainda esta terça-feira.
Piotr Muller, porta-voz do governo polaco, indicou que o a Polónia está a considerar acionar o artigo 4 após a explosão em Przewodów.
O Artigo 4.º permite um processo de consulta se algum aliado acreditar que a sua “integridade territorial, independência polícia ou segurança” foram ameaçadas. Ao longo da história da NATO, o artigo 4 foi invocado em várias ocasiões, incluindo em 2014, pela Polónia, em resposta à incursão russa na Crimeia e no leste da Ucrânia.
“As Partes consultar-se-ão sempre que, na opinião de qualquer delas, estiver ameaçada a integridade territorial, a independência política ou a segurança de uma das partes”, lê-se no Tratado do Atlântico Norte.
Na prática, o artigo quatro permite a qualquer membro incitar discussões com os restantes aliados. No entanto, está um passo atrás do Artigo 5.º. que considera que um ataque a um estado-membro representa um ataque a todos.
O diário polaco Gazeta Wyborcza avança que a explosão ocorreu nas instalações de uma das empresas que operam na antiga Fazenda Agrícola do Estado, sendo ouvida num raio de pelo menos 15 quilómetros.
Segundo esta publicação polaca, entre as vítimas da explosão estão um funcionário da empresa e um fazendeiro. O edifício onde se encontravam terá sido completamente destruído.
A Casa Branca avançou que Joe Biden vai falar muito em breve com o presidente polaco, Andrzej Duda.
Ursula von der Leyen diz estar alarmada com os relatos de uma explosão na Polónia “após um ataque massivo de mísseis russos em cidades ucranianas”.
“Estendo as minhas condolências e envio uma forte mensagem de apoio e solidariedade à Polónia e aos nossos amigos ucranianos”, escreveu no Twitter a presidente da Comissão Europeia.
“Estamos a monitorizar de perto a situação e estamos em contacto com as autoridades polacas, parceiros e aliados”.
We are closely monitoring the situation and are in touch with Polish authorities and partners and allies.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) November 15, 2022
Jens Stoltenberg confirmou através do Twitter que já falou com o presidente polaco, Andrzej Duda, "sobre a explosão" no país.
O secretário-geral da NATO lamentou a "perda de vidas" e disse que a Aliança Atlântica está a monitorizar a situação e os vários aliados.
"É importante que todos os factos sejam estabelecidos", acrescentou.
Stoltenberg Já falou com o presidente polaco e está a monitorizar a situação.
Spoke with President Duda @prezydentpl about the explosion in #Poland. I offered my condolences for the loss of life. #NATO is monitoring the situation and Allies are closely consulting. Important that all facts are established.
— Jens Stoltenberg (@jensstoltenberg) November 15, 2022
21h26 – Kiev pede reunião "imediata" da NATO
A Ucrânia pediu aos países membros da NATO que convoquem uma reunião "imediata" após relatos de que mísseis russos atingiram a Polónia.
"Uma resposta coletiva às ações russas deve ser dura e baseada em princípios. Entre as ações imediatas deve estar uma cimeira da NATO com a participação da Ucrânia para elaborar novas ações conjuntas, que forçarão a Rússia a mudar de rumo na escalada, e para fornecer à Ucrânia aeronaves modernas", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no Twitter.
...which will force Russia to change its course on escalation, providing Ukraine with modern aircraft such as F-15 and F-16, as well as air defense systems, so that we can intercept any Russian missiles. Today, protecting Ukraine’s skies means protecting NATO 2/2
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) November 15, 2022
Um porta-voz do Governo polaco confirmou há momentos que uma explosão matou dois cidadãos e que o país já está a aumentar a prontidão de unidades militares.
"Estamos a verificar a necessidade de ativar o Artigo 4.º da NATO", declarou Piotr Muller.
O Artigo 4.º é um passo intermédio para a ativação do Artigo 5.º, servindo para apresentar à NATO as provas de que a integridade territorial de um Estado-membro foi violada.
Ernstige berichten over raketinslagen en slachtoffers in Polen. We staan in nauw contact met Polen en onze andere NAVO-partners. Het is nu belangrijk om vast te stellen wat er precies gebeurd is. We volgen de situatie op de voet.
— Mark Rutte (@MinPres) November 15, 2022
Shocked by the news of a missile or other ammunition having killed people on Polish territory.
— Charles Michel (@CharlesMichel) November 15, 2022
My condolences to the families.
We stand with Poland.
I am in contact with Polish authorities, members of the European Council and other allies.@AndrzejDuda @MorawieckiM
A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, indicou esta terça-feira que está a acompanhar de perto da situação na Polónia.
Num tweet, a ministra indica que está em contacto com Varsóvia e os aliados da NATO. "Os nossos pensamentos estão com a Polónia, vizinha e aliada próxima", acrescentou.
My thoughts are with #Poland, our close ally and neighbor. We are monitoring the situation closely and are in contact with our Polish friends and NATO allies.
— Außenministerin Annalena Baerbock (@ABaerbock) November 15, 2022
O ministro da Defesa da Letónia, Artis Pabriks, disse que a NATO poderia fornecer defesas aéreas à Polónia e a "parte do território da Ucrânia".
"Uma das possibilidades seria um acordo entre os Estados-membros da NATO e a Polónia sobre o fornecimento de defesa antiaérea adicional, inclusivamente em parte do território da Ucrânia", escreveu o responsável no Twitter.
"Quer tenha sido causada deliberadamente ou inconscientemente, tal situação é inaceitável", acrescentou.
O ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, classificou como uma "irresponsabilidade por parte do presidente Putin, por parte das autoridades russas" as informações sobre a queda em território polaco de mísseis russos.
"Se se confirmarem estas notícias, eu não tenho ainda conhecimento, confirmação, mas se se confirmarem, representam mais uma irresponsabilidade por parte do Presidente Putin, por parte das autoridades russas e que, naturalmente, não ficará sem a devida resposta", disse à agência Lusa o chefe da diplomacia portuguesa.
João Gomes Cravinho considera que "a solução atual para se inverter e reverter a escalada é a retirada das forças russas dos territórios ocupados desde 24 de fevereiro".
"Portanto, esperamos que a Rússia faça isso de forma voluntária porque já percebemos que no terreno começa a haver condições para a Ucrânia obrigar a Rússia a fazer isso, mesmo que a Rússia não o queira", acrescentou.
A NATO diz estar a "examinar" relatórios sobre a queda de mísseis russos na Polónia, avança a Agence France Presse.
A Estónia também já reagiu, considerando as notícias “preocupantes”.
“Estamos a consultar de perto a Polónia e outros Aliados. A Estónia está pronta para defender cada centímetro do território da NATO. Estamos totalmente solidários com o nosso aliado próximo, a Polónia”, escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros desse país no Twitter.
Latest news from Poland is most concerning. We are consulting closely with Poland and other Allies. Estonia is ready to defend every inch of NATO territory. We’re in full solidarity with our close ally Poland 🇵🇱
— Estonian MFA 🇪🇪 | 🌻 #StandWithUkraine (@MFAestonia) November 15, 2022
A NATO ainda não se pronunciou sobre a queda de mísseis russos em território polaco, como adianta o correspondente da RTP em Bruxelas, Duarte Valente.
O primeiro-ministro português reagiu esta terça-feira aos mísseis russos que terão atingido território polaco. António Costa considerou que deve agora apurar-se e esclarecer o que aconteceu.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já reagiu às notícias. "Já tínhamos avisado há muito tempo que as ações russas não estavam limitadas à Ucrânia", declarou.
Para o líder, os ataques com mísseis russos no território da NATO significam "uma escalada muito significativa" na guerra, defendendo que é necessário avançar com ações.
O Ministério da Defesa da Rússia já veio negar que mísseis russos tenham atingido o território polaco, descrevendo os relatos como "uma provocação deliberada com o objetivo de agravar a situação".
"Não foi realizado nenhum ataque pela Rússia a alvos perto da fronteira da Polónia”, garante o Ministério em comunicado, acrescentando que os destroços alegadamente encontrados no local "não têm nada a ver com armas russas".
Já o ministro da Defesa da Letónia, Artis Pabriks, escreveu no Twitter que “o criminoso regime russo disparou mísseis que atingiram não apenas os civis ucranianos, mas também o território da NATO na Polónia”.
My condolences to our Polish brothers in arms. Criminal Russian regime fired missiles which target not only Ukrainian civilians but also landed on NATO territory in Poland. Latvia fully stands with Polish friends and condemns this crime.
— Artis Pabriks (@Pabriks) November 15, 2022
“A Letónia apoia totalmente os amigos polacos e condena este crime”, acrescentou, dando as condolências as “irmãos de armas polacos”.
O Pentágono declarou que ainda não pode confirmar as informações sobre os dois mísseis.
O Pentágono disse ainda que os EUA farão todos os esforços para proteger a Polónia caso se tenha realmente tratado de um ataque por parte da Rússia. “Estamos muito confiantes em quaisquer medidas de proteção que tenhamos de tomar”, frisou Patrick Ryder, porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, em conferência de imprensa esta tarde.
O Pentágono declarou ainda que aguarda que os parceiros ucranianos forneçam atualizações sobre o que está a acontecer no terreno. Nessa altura haverá uma “discussão robusta sobre as necessidades de segurança da Ucrânia”, adiantou Ryder.
O primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, convocou uma reunião urgente do Comité para Assuntos de Segurança e Defesa Nacional, afirmou o porta-voz do governo, Piotr Müller, no Twitter.
Müller não referiu o que será discutido pelo comité, mas os órgãos de comunicação polacos estão a avançar que a reunião está relacionada com a explosão na fronteira da Polónia com a Ucrânia.
Está igualmente a decorrer uma reunião do Conselho de Segurança Nacional polaco.
Enquanto isso, estão a ser divulgadas na internet imagens de destroços e de um veículo capotado no local, perto da cidade polaca de Przewodow.
Mísseis terão caído na Polónia na mesma altura em que Ucrânia foi atingida
Os mísseis atingiram a cidade polaca na mesma altura em que o oeste da Ucrânia foi também atingido.
Esta terça-feira, a Rússia bombardeou cidades e instalações de energia por toda a Ucrânia, incluindo em Lviv, cidade no oeste do país que fica perto da Polónia.
De acordo com a Força Aérea ucraniana, a Rússia disparou esta terça-feira sobre as infraestruturas de produção de energia elétrica de várias regiões ucranianas "cerca de" 100 mísseis, causando cortes de eletricidade, além de ter atingido igualmente zonas residenciais e feito pelo menos um morto na capital ucraniana, Kiev.
Mais de sete milhões de habitações da Ucrânia estão sem eletricidade após os novos bombardeamentos russos.