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Missão Artemis I. A preparar o regresso à Lua

O regresso à Lua não ficou esquecido e o mundo volta a ter os olhos em Cabo Canaveral. Depois da missão Apollo, que entre 1969 e 1972 levou 18 astronautas até ao satélite natural da Terra, surge agora a missão Artemis para retomar as "pegadas" deixadas pelos 12 astronautas que deixaram a "impressão digital" humana no solo lunar.

É o novo de "salto de gigante". A NASA volta a ter como missão levar à Lua uma nova geração de astronautas já a partir de 2025 com um objetivo bem definido: lançar com convicção a exploração planetária. "Artemis 1", um voo teste e não tripulado, é para já o ponto de partida, mas fundamental para que as próximas missões sejam bem-sucedidas.

A missão Artemis I tem uma duração prevista entre os 39 e os 42 dias.


Missão Artemis

Passa pouco mais de  53 anos da histórica data de 20 de julho de 1969. Dia um da missão espacial Apollo 11, da plataforma 39A, em Cabo Canaveral, na Florida. O foguete Saturno V, com destino à Lua, levava na pequena cápsula tripulada Columbia (Módulo de Comando) atrelada à mítica Eagle (Modulo Lunar) e três intrépidos astronautas de seu nome Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins.

Agora, uma nova missão da NASA, também esta designada pela letra inaugural – Artemis –, procura retomar o legado deixado pelos astronautas norte-americanos entre 1969 e 1972.


À semelhança do grande foguete “Saturno V”, o novo e poderoso “SLS - Sistema de Lançamento Espacial” está agora pronto a partir do Complexo de Lançamento 39B, carregando no topo a cápsula "Orion", para já não-tripulada, com o objetivo de percorrer todo o trajeto até à Lua. Numa primeira fase vai estudar o percurso que depois será efetuado na missão Artemis III, prevista para finais de 2025, viagem essa sim tripulada até solo lunar.

Antes do tão desejado pouso lunar, a NASA ainda efetuará a missão Artemis II, previsto para maio de 2024, que visa enviar uma tripulação à volta da Lua e regresso à Terra, à imagem e semelhança do que aconteceu na missão Apollo 10 em maio de 1969. Em paralelo, a NASA e os seus parceiros (ESA e SpaceX) estão já empenhados na construção dos futuros Módulos Lunares (ML), elementos finais do sistema necessário para o transporte e regresso dos seres humanos até à superfície da Lua.

Já a missão Artemis III deverá produzir mais um marco histórico com o regresso de um ser humano à Lua, sendo agora o objetivo a criação de uma base lunar para apoiar futuras missões a outros planetas do sistema solar.

Foto: NASA/Joel Kowsky/DR

A NASA conta com a missão Artemis estabelecer uma presença humana e robótica duradoura na Lua. Prevê neste programa a criação de novos sistemas de apoio de vida e transporte que permitam missões de maior duração, bem como a criação de um posto avançado orbital (Lunar-Orbiting Gateway).

Já no que diz respeito à superfície lunar, a NASA conta instalar no futuro uma zona habitável - Campo Base Artemis - com um habitat de superfície pressurizada e não pressurizada que estabelecerá a primeira base na fronteira lunar para expedições prolongadas, base onde os astronautas irão realizar experiências científicas e criar novas tecnologias.

Juntos, a Gateway e o Campo Base Artemis irão apoiar simulações de missões enquanto se prepara o próximo passo - enviar astronautas a Marte.

Quando a Orion e o sistema SLS descolarem pela primeira vez do Centro Espacial Kennedy, na Florida, a NASA conta que a missão possa demonstrar todo o empenho e capacidade de estender a existência humana à Lua e para além dela. A Artemis I será apenas a primeira de uma série de missões cada vez mais complexas para nas próximas décadas levar à Lua uma presença humana de longo prazo.


Orion - Novo módulo de serviço e cápsula do módulo de comando lunar

Apesar dos mais de 50 anos decorridos entre as últimas viagens humanas à Lua, o retomar do formato utilizado na última e única campanha lunar, dá a sensação que no que diz respeito à evolução do transporte tripulado espacial pouco ou nada mudou.

Embora já se tenha provado existirem outras formas de transportar astronautas para o espaço (Dragon–SpaceX), a NASA volta a eleger como formato seguro a tradicional cápsula dos projectos Mercury e Apollo.

Mas apenas a forma e o regresso são iguais aos seus antecessores. O módulo e cápsula espacial Orion, diz a NASA, são diferentes e foram criados com base em mais de 50 anos de pesquisa e desenvolvimento de voos espaciais, no sentido de atender e satisfazer necessidades em constante evolução do programa de exploração do espaço. E, se a Lua é um destino a curto prazo, a Orion está a ser feita também a pensar nas futuras viagens a Marte.

A agência espacial norte-americana refere-se a este módulo como um veículo mais seguro, equipado com um sistema de abortagem, caso algo não corra pelo melhor. Um meio de transporte preparado para quatro astronautas, mas também um meio de exploração que sustentará a tripulação durante as missões, fornecendo, após a viagem espacial, uma reentrada segura na atmosfera terrestre.


Mas são procedimentos reservados à missão Artemis III, prevista para 2025, com destino à Lua. Para já, a cápsula Orion, na primeira missão integrada Artemis I, viajará solitariamente durante milhares de quilómetros, mesmo além da Lua, ao longo de umas seis semanas, por caminhos onde outras naves ainda não se aventuraram. A missão abrirá o caminho para voos tripulados com a missão Artemis II.

Construído através de uma parceria privada, as diversas partes da cápsula Orion foram construídas em várias instalações da Lockheed Martin espalhadas pelos Estados Unidos.

Para as missões Artemis I & II, a Lockheed Martin monta a Orion nas instalações da NASA de Michoud e da NASA no Centro Espacial Kennedy. Conta em breve utilizar também o novo Centro STAR, em Titusville, Florida, para construir e testar grandes elementos Orion para Artemis III e suas sucessoras.

As missões Artemis, que vão levar a Orion ao espaço, vão ser lançadas do centro espacial da NASA no Kennedy Space.

Orion - Uma nave espacial tripulada por manequins

Neste primeiro voo teste à Lua, à semelhança do modelo usado nas missões Apollo, a NASA não quis enviar nenhum astronauta antes de assegurar que tudo está em condições para o retorno de viagens tripuladas de longo curso.

Para avaliar essas condições, foram criados vários sensores e simuladores que darão aos engenheiros as informações necessárias para efetuarem as devidas correções. Das preocupações constam as radiações solares que, sem o escudo natural de Van Hallen, que protege a Terra, afetam diretamente os astronautas em missão nos espaço profundo (seja a Lua ou, futuramente, Marte).

Entre os vários equipamentos e medidores instalados vão ser enviados dois manequins femininos - Helga e Zohar - equipados com detectores de radiação, sendo que Zohar vai vestido com um colete de proteção contra radiação para determinar os riscos radiativos a caminho da Lua.

Crédito da foto: NASA/Frank Michaux

Estes manequins, chamados de phantoms, são fabricados com materiais que imitam ossos humanos, tecidos moles e órgãos de uma mulher adulta. Helga e Zoharapesar de compartilharem a viagem, terão missões diferentes – Zohar usará o colete AstroRad, enquanto Helga não.

A escolha pelo sexo feminino prende-se com o facto de as mulheres terem maior sensibilidade aos efeitos da radiação espacial.

Entretanto, se algo acontecer de errado, não se vai ouvir a célebre transmissão enviada na missão Apollo 13: "Houston! We have a problem!"
 


Artemis I pronta e em contagem decrescente 

Após várias tentativas de lançamento adiadas, ora por motivos tecnicos, ou condições meteorológicas adversas, esta segunda-feira, dia 14 de novembro, volta a ser um dia em que grande parte do mundo está de olhos postos no foguete SLS da Missão Artemis.

Engenheiros e técnicos da agência espacial norte-america estão a postos para que nada falhe neste relançamento da epopeia humana no espaço.

Uma viagem, para já não-tripulada, mas que será seguida com especial interesse pela comunidade científica.

Assista aqui em direto ao lançamento da SLS Artemis I, da Plataforma de Lançamento 39B no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, através da transmissão online, ao vivo, da NASA.




Gateway – Estação Orbital Lunar

Os primeiros passos da ida à Lua, no final dos anos 60, foram dados de forma um pouco acelerada devido à conjuntura de então, em plena “Guerra Fria”, com os russos a serem concorrentes diretos nessa corrida.

Com o feito realizado e sem os russos conseguirem colocar um cosmonauta em solo lunar, os americanos, após seis missões dispendiosas, muito arriscadas para a vida humana e sem “lucros” palpáveis, desinvestiram neste campo, apostando apenas na exploração espacial de forma remota e robótica.

Agora, passados mais de 50 anos, o interesse pelo regresso à Lua com intuito de criar condições para a exploração espacial com seres humanos, a construção de todo este processo tornou-se mais maduro e seguro, com melhores equipamentos e condições para as futuras tripulações.

Baseado no Johnson Space Center da NASA em Houston, Texas, o Programa Gateway está a ser construído para ser uma pequena estação espacial dirigida pelos astronautas Artemis e que orbitará a Lua. Esta estação de apoio terá a capacidade de fornecer vários serviços de apoio à campanha espacial Artemis.

Construída através de várias parcerias internacionais e comerciais, as capacidades desta Gateway servirão de apoio à exploração sustentada e à pesquisa no espaço profundo. Haverá “portos de ancoragem” que servirão para as naves espaciais visitantes, espaço para a tripulação viver, trabalhar e realizar investigações científicas, como por exemplo estudar heliofísica, saúde humana e ciências da vida.

A Gateway será uma plataforma crítica e essencial para o desenvolvimento tecnológico e apoio da exploração da Lua, para já, e no futuro de Marte.

Baseado no Johnson Space Center da NASA em Houston, Texas, o Programa Gateway está a construir uma pequena estação espacial dirigida por humanos que vai orbitar a Lua para fornecer amplas capacidades no apoio a campanha espacial Artemis da NASA.


Composição da Gateway

A NASA concentra todo o desenvolvimento desta pequena estação espacial nos dois primeiros elementos da Gateway - o Elemento de Energia e Propulsão (PPE) e o Posto Avançado de Habitação e Logística (HALO).

Em fevereiro de 2021, a NASA selecionou a SpaceX para fornecer serviços de lançamento para estes dois módulos integrados (PPE e HALO). Após a conclusão destes módulos, os mesmos devem ser lançados juntos, não antes de novembro de 2024, a bordo do foguete Falcon Heavy da SpaceX.

Elemento de Potência e Propulsão

O Power and Propulsion Element é um módulo de propulsão elétrica solar, de alta eficiência, que produzirá uma potencia energética de de 60 quilowatts para alimentar os sistemas de comunicação, controlo de altitude e recursos de transferência orbital da Gateway.

Posto Avançado de Habitação e Logística (HALO)

O HALO é a estrutura onde os astronautas vão viver e realizar pesquisas enquanto permanecem na Gateway.

Neste conjunto de dois módulos podemos encontrar os alojamentos pressurizados que vão fornecer sistemas de comando e controle para o posto avançado lunar, bem como as “portas de ancoragem” para naves espaciais visitantes, como a capsula Órion da NASA, mas também módulos lunares, naves e embarcações de reabastecimento logístico.

O módulo HALO servirá como a espinha dorsal para comando, controlo e distribuição de energia em toda a Gateway, desempenhando ainda outras funções principais, incluindo investigações científicas, acomodações de carga útil e a comunicação com expedições à superfície lunar.

A HALO também permitirá a agregação de elementos habitáveis adicionais para expandir as capacidades da estação órbital lunar, aproveitando as contribuições dos parceiros internacionais da Gateway.

As baterias fornecidas pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) alimentarão o HALO até que os painéis solares PPE possam ser implantados.

Os interfaces robóticos fornecidos pela Agência Espacial Canadense (CSA) hospedarão cargas úteis e fornecerão pontos de base para operações robóticas Canadarm3.

A ESA (Agência Espacial Europeia) fornecerá um sistema de comunicações lunares para permitir comunicações de alta taxa de dados entre a superfície lunar e o Gateway (Deep Space Network).

Futuro do Gateway

À medida que os astronautas se vão preparando para as missões na superfície lunar, estes vão necessitar de entregas de várias cargas.

Em março de 2020, a NASA anunciou que será a SpaceX o primeiro fornecedor comercial dos Estados Unidos sob o contrato Gateway Logistics Services para entregar carga e outros suplementos à estação orbital lunar.



Sistema de Lançamento Espacial - SLS

O Sistema de Lançamento Espacial (Space Launch System – SLS) representa uma visão mais ousada nos programas de voos espaciais da NASA. Construído com o intuito de representar uma nova etapa nos voos tripulados espaciais da “Geração Artemis”, o foguete SLS utiliza sistemas de propulsão mais potentes e estruturalmente comprovados pela eficácia em modelos anteriormente utilizados pela NASA.

O SLS utiliza propulsores de foguetes sólidos (Solid Rocket Booster) maiores do que os SRB utilizados no programa Space Shuttle, sendo os motores RS-25 alimentados com hidrogénio líquido/oxigénio líquido e operando a um nível de impulso mais elevado e com novos controladores.


Um pouco mais acima do estágio principal encontramos o motor RL-10 de Propulsão Criogénica Provisória (ICPS), que fornece a propulsão no espaço.

O lançamento adaptador de fase do veículo encerra parcialmente o ICPS e altera o diâmetro do foguetão. O adaptador para transporte do Orion, localizado entre o SLS e a capsula tripulada, contém também 12 CubeSats, com cargas úteis para a missão Artemis I, e liga o foguete para a nave espacial Orion.

Foto: NASA/DR

Sendo o SLS neste momento o mais poderoso foguete da NASA, este lançador fornece uma capacidade inigualável para enviar para órbita terrestre maior massa e volume do que qualquer outro veículo de lançamento atual, tanto para humanos como para exploração robótica da Lua, Marte ou para planetas exteriores.

O programa foi criado na Marshall em 2011 e é o primeiro veículo de lançamento de classe de exploração desde o Saturno V do Programa Apollo.

Mas não só. O SLS foi concebido para evoluir a partir da atual configuração (bloco 1) para futuras missões deste projecto espacial, num segundo modelo (bloco 2) adaptado e capaz de suportar tripulação e carga ou missões dedicadas apenas a grandes cargas.

A configuração final do Bloco 2 pode fornecer a mesma configuração dupla tripulação/carga, sendo a carga útil ainda de maior capacidade.

Os motores RS-25 de nova produção irão fornecer mais impulso do que os motores da era dos vaivéns, também eles deste modelo, e custam 30 por cento menos no seu fabrico.

Ao definir o veículo, que se tornaria no SLS, a NASA avaliou milhares de combinações de atributos, tais como como sistemas de propulsão, estágios, impulsionadores, desempenho, custo de desenvolvimento e operações, complexidade da missão, fiabilidade, e riscos ou capacidade de manter competências de base indústriais.

O SLS beneficia ainda da experiência de meio século da NASA, tirando partido de recursos estabelecidos para o vaivém espacial (Space Shuttle), incluindo o mão-de-obra, processos de fabrico, ferramentas e instalações, logística de transporte, infra-estruturas de lançamento, e líquidos propulsores de hidrogénio oxigénio/líquido.

Ao utilizar o património vindo dos motores do modelo vaivém e agora com os propulsores atualizados para SLS, a NASA poupou tempo e dinheiro no desenvolvimento de novos sistemas de propulsão. O Programa SLS inicia assim o primeiro voo com um motor comprovado e hardware de reforço transferido de um programa que demonstrou ser fiável, como o do STS do vaivém espacial - Space Shuttle.

Este novo e poderoso lançador deverá garantir mais segurança, menor risco e aumento da probabilidade de sucesso da missão na dinâmica, envolvendo compromissos estratégicos de recursos nacionais, prestígio nacional e vida humana.

Mais massa e volume traduz-se em menos lançamentos e menos peças, exigindo menos tempo de montagem e colocação em órbita.

No solo, também se traduz em hardware mais simples de conceção e menos transporte, armazenamento, processamento, lançamento operações e lançamento de actividades de reviravolta da plataforma.


Foguetes mais potentes para futuras missões

A configuração inicial do bloco 1 do SLS é igual para as três primeiras missões Artemis à Lua.

Composto por motores RS-25 de nova geração, estes quatro potentes motores irão fornecer mais de impulso ao corpo principal da Artemis do que os motores da era dos vaivém e custam 30 por cento menos.

Motores RS-25

O foguete SLS é composto na base do corpo principal - Bloco 1 - por quatro motores RS-25 que impulsionarão a subida do foguete durante oito minutos até órbita terrestre, juntamente com um par de propulsores de foguetes sólidos, que funcionam apenas nos dois primeiros minutos de ascensão.

O RS-25, fabricado pela Aerojet Rocketdyne, é o motor de foguetão mais eficiente da sua classe, permitindo o transporte de cargas mais pesadas sem aumentar o tamanho do foguetão.

Foto: NASA/Cory Huston

O ciclo de combustão do RS-25 produz aproximadamente 500.000 lbs. de impulso.

Os RS-25 foram atualizados com novos controladores e testados 42 vezes antes do voo Artemis I.

Os motores são ainda compostos de accionadores hidráulicos que gerem e controlam a direcção do veiculo. Os RS-25 são também conhecidos por terem sido os motores principais do Space Shuttle (SSME), voando com sucesso em 135 missões nas missões STS (Space Transportation System).

Características chave do design que contribuem para as RS-25:
  • A utilização de hidrogénio líquido cianogénico e oxigénio líquido nos propulsores torna este motor mais eficiente do que os motores de hidrocarbonetos.
  • Cada RS-25 tem cerca de 4,3 m (14 pés), 8 pés (2,4 m) de diâmetro e pesa aproximadamente 7,750 lbs (3,5 t). Ao contrário do vaivém espacial, o SLS não reutiliza os seus RS-25 devido ao violento retorno à atmosfera terrestre (MECO) o que torna a recuperação impraticável, sem sacrifício significativo na capacidade de transporte de carga útil. SLS foi concebido para lançar a mais ambiciosa exploração espacial missões e exige o máximo desempenho.

Curiosidades dos RS-25

  • O impulso fornecido pelos motores SLS RS-25 poderia manter oito Boeing 747 juntos a voar.
  • O RS-25 é tão potente que poderia alimentar 846,591 milhões de luzes de rua em zonas residenciais - uma rua suficientemente longa para ir até à Lua e voltar e depois fazer 15 voltas à Terra.
  • Os quatro motores RS-25 empurram o foguete SLS 73 vezes mais depressa do que um carro de corrida das 500 milhas de Indianápolis.
  • A RS-25 poderia fornecer o dobro da potência necessária para deslocar todos os 10 porta-aviões existentes da classe Nimitz a 30 nós.
  • O escape RS-25 é vapor de água limpa, apenas sobreaquecida.
  • A pressão dentro da RS-25 é equivalente a uma profundidade do oceano de três milhas - mais ou menos a mesma distância onde se encontra o Titanic abaixo da superfície do Oceano Atlântico.
  •  Juntos, os quatro motores RS-25, à razão de 1.500 gal. (5.678 L) por segundo, durante os oito minutos de operação, são mais do que suficientes para esvaziar uma piscina olímpica num segundo.
  • Os gases quentes saem do bico da RS-25 a 9.600 mph (15.450 km/h) - 13 vezes a velocidade do som, ou suficientemente rápido para ir de Los Angeles para Nova Iorque em 15 minutos.

Propulsores de Combustivel Sólido

Mas para o SLS ter a categoria de super lançador não bastavam os quatro potentes RS-25 e foi buscar à tecnologia testada e regular do programa dos vaivém espacial (Space Shuttle) um par de propulsores de foguetes sólidos laterais.

Estes dois foguetes estão ligados à fase principal e constituem mais de 75 por cento do impulso total do SLS, durante os dois primeiros minutos de voo, operando em conjunto com os quatro RS-25 motores principais. Isto significa cerca de 5,5 toneladas de impulso a cada segundo, o que equivale a mais impulso do que 14 aviões comerciais de quatro motores Jumbo.

Foto: NASA/Isaac Watson

Cada propulsor lateral tem 54,1 metros de altura, 3,7 metros de diâmetro, e pesa 726 toneladas quando cheio com propulsor sólido composto por amónio de perclorato e pó de alumínio.

Para além do motor propulsor, estes dois impulsionadores suportam no topo 16 pequenos motores de separação utilizados para afastar os impulsionadores do bloco principal do SLS. Uma separação que ocorre a cerca de 2 minutos e 12 segundos, (+/- 43,3 km altitude) a Mach 4,3.

Os impulsionadores amaram no Atlântico Oceano cerca de 5,5 minutos após o lançamento.


Curiosidades dos propulsores sólidos do SLS

  • Os propulsores de foguete sólidos SLS são do tamanho de um prédio de 17 andares
  • Os propulsores sólidos são os primeiros elementos a ser instalados no lançador SLS.
  • Durante os testes de fogo quente no deserto de Utah, o impulsionador o motor queima tão quente que a areia atingida pelo escape do bocal transforma-se em vidro.
  • Se a sua energia térmica fosse convertida em energia eléctrica, o dois propulsores de foguetes sólidos disparando durante dois minutos produzem 2,3 milhões de KWh de energia, suficientes para fornecer energia para mais de 92 mil casas durante um dia inteiro.

O papel do SLS no lançamento Artemis I

A contagem decrescente Artemis I começará com uma "chamada às estações" para engenheiros e técnicos que trabalham no “coração” do controlo da missão no Centro de Controlo de Lançamentos (LCC) em Kennedy, mas também no Centro de Controlo Johnson, no SLS Engineering Support Center (SESC) e todos os locais que viram nascer este poderoso foguete.

O Artemis I irá fornecer o primeiro teste de voo integrado do SLS e Orion, sendo que este lançamento irá lançar um modelo Orion não desenhado para uma órbita retrógrada distante sobre a Lua, mas sim num teste de voo concebido para verificar os modelos dos veículos, fabrico e operações.


Um voo que, mais do que a missão de chegar à Lua, serve para engenheiros e técnicos recolherem dados sobre o desempenho do SLS e Orion. Dados valiosos para voos futuros com astronautas.

Ao minuto T-Zero o SLS levantará voo, com os propulsores de foguetes sólidos laterais, em uníssono com os quatro motores RS-25, debitando em conjunto toneladas de impulso por segundo, projetando esta máquina de 2,6 toneladas para órbita.

Aproximadamente dois minutos depois do lançamento, os dois propulsores laterais separam-se do corpo principal e os motores RS-25 continuam a impulsionar o estágio principal até esgotar todo o combustível, que dura aproximadamente seis minutos.

Os impulsionadores cairão então no Oceano Atlântico a cerca de 225 quilómetros ao largo da costa da Florida, a norte das Bahamas, e o núcleo principal do lançador cairá no Oceano Pacífico a leste do Havai, oeste da Baja, Califórnia.

Após o corte do motor principal, o ICPS, o adaptador de fase Orion, e o Orion irão separar-se do bloco principal e do veículo de lançamento. Os engenheiros no terreno verificam a “saúde” dos sistemas ICPS e Orion antes de dar a aprovação para o início da combustão do motor de injeção trans-lunar (TLI) pelo ICPS.

A manobra TLI visa precisamente um ponto sobre a Lua que irá guiar o Orion até à distancia segura em que será capturado pela gravidade da Lua.

Após a queima do TLI, o ICPS separa-se do Orion.

O módulo de serviço da Orion impulsiona-o a partir deste ponto, fazendo a queima de correção de curso, quando necessário, para começar as suas três semanas de missão.

A missão do ICPS está nesta fase quase completa, seguindo numa trajectória semelhante à do Orion, onde vai implantar ao longo do caminho vários CubeSats para estudar a Lua, servindo os mesmos para mais tarde estudar outros destinos no espaço profundo.

Após a separação do Módulo de Serviço e Comando do Orion, o ICPS entrará numa órbita heliocêntrica (em torno do Órbita do Sol).

 
Foto: NASA/Cory Huston - DR

Artemis I - Cargas secundárias

A incomparável capacidade de massa de carga útil SLS e volume não utilizado do adaptador de fase Orion (OSA) - anel redutor - fornece um rara ocasião para o transporte de pequenos Cubesat, constituindo a oportunidade de tecnologia de baixo custo ser implantada no espaço profundo.

Há ainda cargas úteis secundárias, não muito maiores do que um caixa de sapatos (10 cm x 10cm x 10 cm), mas que contêm investigações científicas e tecnológicas ou demonstrações de tecnologia que ajudam a preparar o caminho para futura exploração humana no espaço profundo.

Apesar do anel de fase ser grande (1,5 metros de altura e 5, 5 metros de diâmetro), a NASA decidiu colocar apenas 12 CubeSats com um peso máximo de 14 kg/cada.


E os vários dos CubeSats escolhidos para voar em Artemis I estão focados na Lua. Estes podem ajudar a NASA com novo e melhor conhecimento estratégico de investigação e dar prioridade ao desenvolvimento tecnológico de exploração humana e robótica.

Mas alguns deles vão também servir para testar novas e inovadoras tecnologias de propulsão, estudando o tempo espacial, analisando os efeitos de radiação em organismos e fornecendo imagens alta resolução da Terra e da Lua.




Lua – A escolha do melhor local para alunar

Os trabalhos da missão Artemis não se esgotam no lançamento do SLS – Artemis I. Paralelamente, várias equipas continuam a olhar e a trabalhar para o objetivo final, que é colocar novamente astronautas em solo lunar.

Nesse sentido, a NASA deu a conhecer recentemente 13 possíveis locais onde os astronautas da Artemis III poderão alunar. Decidida está a região da Lua para a abordagem: será no pólo sul.

A particularidade é que estes locais não só vão servir para o futuro Módulo Lunar da NASA, mas também para futuras missões da StarShip, sendo ambos os veículos espaciais da empresa de Elon Musk, SpaceX.

Mark Kirasich, vice-administrador associado da Divisão de Desenvolvimento de Campanha Artemis da NASA, num dos primeiros comentários a este tema, refere que vários elementos da NASA e da SpaceX que trabalham no Artemis “trabalharam muito de perto com os cientistas e tecnólogos de nossa agência para identificar essas 13 regiões”. Todas as regiões são de interesse dos cientistas, disse ele, “bem como atendem às restrições de planeamento da missão Artemis, o que pode ser desafiador”.

Os 13 locais, cada um com uma área de cerca de 15 por 15 quilómetros, estão localizados a seis graus de latitude do pólo sul, sendo eles:

  • Faustini Rim A
  • Pico perto de Shackleton
  • Cume de Conexão
  • Extensão do cume de conexão
  • de Gerlache Aro 1
  • de Gerlache Aro 2
  • Maciço de Gerlache-Kocher
  • Haworth
  • Maciço Malapert
  • Platô Beta de Leibnitz
  • Aro Nobile 1
  • Aro Nobile 2
  • Borda Amundsen
Créditos: NASA
São locais em que foram estimados vários locais de alunagem, com áreas de 100 metros de diâmetro, ideais para zonas de pouso para diferentes tipo de naves.

Jacob Bleacher, cientista-chefe de exploração da sede da NASA, disse que cada região tem pelo menos 10 locais de pouso “e em muitas delas há mais do que isso”.

As regiões atendem a vários requisitos, incluindo fornecer acesso contínuo à luz solar por seis dias e meio, a duração da alunagem da Artemis 3, estando perto o suficiente de regiões permanentemente sombreadas que podem ser alcançadas em caminhadas lunares pelos astronautas. Estas regiões permanentemente sombreadas podem abrigar depósitos de gelo que são de interesse científico e podem ser recursos para futuras missões tripuladas.



Mark Kirasich refere ainda que esta lista não é definitiva e a NASA quer reduzir o número de locais de pouso antes do lançamento Artemis III, tempo suficiente para planear a missão e para preparar todos os procedimentos específicos para cada local.

Uma das exigências que a NASA tem muito em conta é a visibilidade. Devido às variações de iluminação que mudam ao longo do tempo, terá de haver sempre vários locais de alunagem, mesmo para um único período de lançamento.

"Exatamente quantos ainda não sabemos", diz Kirasich. “Temos ainda muito que aprender entre o agora e o então.”

Faltam cerca de três anos para a humanidade voltar a dar um novo "grande salto" até à superficie lunar.

Foto: Registo oficial da primeira pegada realizada na lua - Créditos NASA
Datas das janelas de lançamento
Esta segunda, 14 de novembro surge novamente uma janela de oportunidade para lançar a missão Artemis I. isto depois do foguete SLS ter regressado ao estaleiro de construção para manutenção e reparação de pequenos danos à espuma e cortiça no sistema de proteção térmica, bem como recarregar e substituir as baterias do foguete, que suportam várias cargas secundárias e sistema de terminação de voo.

Se tudo correr como previsto o lançamento está agendado para ocorrer entre as 12h07 e as 13h16 EST (5h07 - 13h16, em Lisboa). Sendo que esta será já a quarta tentativa de lançar a missão. (Ver artigo: Artemis I. Uma missão com tantas fases como a Lua)


Janelas de lançamento previstas: 

12 de novembro – 27 de novembro (preliminar)
  • 12 oportunidades 
  • 20, 21, and 26 de novembro não é possível lançamentos

9 de dezembro – 23 de dezembro (preliminar) 
  • 11 oportunidades 
  • 10, 14, 18, e 23 de dezembro não é possível lançamentos


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