Ministro Finanças confirma desvio de dinheiro doado por Portugal e Espanha
Bissau, 02 Abr (Lusa) - O ministro das Finanças da Guiné-Bisau, Issuf Sanhá, confirmou hoje o desvio de 114 mil euros, de apoio orçamental dado por Portugal e Espanha, por uma "rede de falsificadores" que envolvia funcionários do ministério.
Em conferência de imprensa em Bissau, Issuf Sanhá reagia às denúncias feitas pela imprensa nos últimos dias, citando a Polícia Judiciária guineense, segundo as quais o Estado teria sido lesado em cerca de 300 mil euros numa operação fraudulenta de falsificação de assinaturas de responsáveis do Ministério das Finanças.
De acordo com o ministro das Finanças, "a fraude existiu", mas não corresponde aos valores que têm sido apresentados pela imprensa.
Segundo Issuf Sanhá, os "falsificadores" apenas conseguiram levantar 114 mil euros, numa operação que levou à detenção, pela PJ, do tesoureiro-geral do Ministério das Finanças, pessoa responsável pela arrecadação das receitas do Estado.
Issuf Sanhá admitiu que "houve conivência" de pessoas do ministério, porque os falsificadores eram avisados "por alguém de dentro" sobre a proximidade da entrada de dinheiros provenientes de ajudas orçamentais, nomeadamente de Portugal e de Espanha.
Em Março passado, a rede mandou para cobrança um cheque cuja assinatura era falsa.
Sanhá disse que o processo, em andamento desde Dezembro de 2007, passava pela falsificação, a favor de uma empresa fictícia, das assinaturas do tesoureiro-geral, da directora-geral do Tesouro e do próprio secretário de Estado do Tesouro e Orçamento, Pedro Ocaim Lima.
"Desde Dezembro, que os nossos serviços, juntamente com os bancos, estavam no encalço desta rede, felizmente conseguimos detectá-la a tempo", afirmou Issuf Sanhá, que pede agora que as autoridades judiciais tratem o caso com "celeridade para que se apure toda a verdade".
Entretanto, o ministro das Finanças confirmou que o tesoureiro-geral está detido, mas negou que a directora-geral do Tesouro, Paula Pereira, tenha sido detida como foi avançada por alguma imprensa nos últimos dias.
"A Polícia está a fazer o seu trabalho para apurar as eventuais responsabilidades", respondeu Issuf Sanhá quando questionado pela Lusa sobre o grau do envolvimento dos elementos do ministério neste caso.
Questionado sobre se o caso não poderá manchar a imagem do país junto dos parceiros internacionais, Issuf Sanhá disse que já informou o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as diligências tomadas tanto pelo governo como pelas autoridades judiciais, referindo que aquela instituição internacional encorajou as medidas adoptadas.
Por outro lado, Issuf Sanhá afirmou que com a descoberta deste caso irá mandar averiguar todas as operações efectuadas pelo seu ministério com os bancos do país para que se apure a legalidade das assinaturas que constaram nas ordens dos pagamentos efectuados de 2004 a Março deste ano.