Ministro das Finanças israelita pede alargamento do Governo de emergência

por Lusa

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, apelou hoje ao alargamento do governo de emergência criado após os atentados de 07 de outubro pelo movimento islamita Hamas, de modo a incluir todos os partidos.

Smotrich afirmou que devem estar representados no executivo os políticos que se opõem ao Hamas, na Faixa de Gaza, e à Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), na Cisjordânia, e acusou o atual "gabinete de guerra" de "se agarrar a uma conceção de segurança que conduziu o país à situação em que se encontra".

O governante discursava no Knesset, Parlamento israelita, tendo sublinhado que o executivo deve "ouvir opiniões que até agora não foram ouvidas", incluindo as de políticos que "criticaram este conceito durante anos e que exigem a eliminação do Hamas e a conquista da Faixa de Gaza para acabar com a ameaça ao Estado de Israel".

Antes de iniciar a carreira política, Smotrich foi detido por "ativismo violento" em protesto contra a decisão do Governo, em 2005, de abandonar a Faixa de Gaza e implementar o plano de retirada.

Hoje, Smotrich salientou que, se fosse incluído no governo, se oporia à entrega de combustível à Faixa de Gaza. Tanto o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como o líder da oposição israelita e membro do governo de emergência, Benny Gantz, mantiveram o silêncio sobre a questão.

A 11 de outubro, quatro dias após os ataques surpresa do Hamas, Netanyahu e o líder da oposição israelita, Benny Gantz, concordaram formar um governo de unidade nacional de emergência e um gabinete de guerra.

Gantz, antigo ministro da Defesa e chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, anunciou a formação de um "gabinete de gestão de guerra" com cinco membros.

Segundo o acordo, o Governo não aprova qualquer legislação ou decisão que não esteja relacionada com a guerra, enquanto os combates continuarem.

De fora ficaram os parceiros governamentais de Netanyahu, um conjunto de partidos de extrema-direita e ultraortodoxos, embora haja indicações que se limitarão a tratar dos assuntos correntes do Estado.

O acordo vigorará durante o período de guerra, decretado por Netanyahu no mesmo dia do ataque do Hamas, permitindo um certo grau de unidade após anos de divisões políticas.

Segundo o The Times of Israel, Smotrich afirmou hoje que "a decisão de deixar entrar o combustível é um grande erro".

"Espremer o Estado e as infraestruturas civis em Gaza leva a um fim mais rápido da guerra", defendeu.

"Penso que a forma de vencer é acabar com o Estado do Hamas em Gaza e, para isso, é preciso desmantelar o sistema e impedir que tudo o que possa ajudar o Hamas a continuar a lutar e a prejudicar os nossos soldados e civis chegue ao Hamas", afirmou.

A 07 de outubro, combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 45.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 13.000 mortos, na maioria civis, e mais de 30.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.

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