Ministro da Saúde confirma brometo de sódio como causa mais provavel de doença misteriosa

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Luanda, 22 Nov (Lusa) - O ministro da Saúde de Angola confirmou hoje em Luanda que a ingestão de brometo de sódio "é a causa mais provável" para o surto epidémico de Cacuaco.

Anastácio Sicato adiantou que as análises às amostras de sangue realizadas num laboratório de Munique(Alemanha) apontaram para a existência de grandes concentrações deste elemento.

"Posteriormente, estes resultados foram confirmados noutros laboratórios", asseverou. Ao todo foram cinco os locais onde os testes foram realizados, tendo sido despistados cerca de mil possíveis causadores do problema.

Anastácio Sicato, em conferência de imprensa, informou ainda que, dos 414 casos já notificados, 18 foram registados no Caxito, província do Bengo, a cerca de 50 quilómetros de Cacuaco, onde a "epidemia", como classificou, começou em Outubro passado.

Apesar de as autoridades sanitárias angolanas terem como mais provável origem da doença, que as populações locais apelidaram de "mole-mole", o envenenamento por brometo de sódio, o governante sublinhou que o trabalho de pesquisa laboratorial e no terreno continua.

Para isso, a Organização mundial de Saúde (OMS) já colocou no terreno mais 11 peritos, que se juntam aos nove médicos, dois patologistas clínicos e um epidemiologista que o Ministério da Saúde de Angola disponibilizou para esta "batalha" contra a doença de Cacuaco.

O objectivo apontado por Anastácio Sicato é determinar a fonte da contaminação através de aturados estudos epidemiológiocos.

Mas o ministro apontou como estando no centro das atenções a possibilidade de ser o vulgar sal de cozinha o responsável pela dispersão do brometo de sódio pelas mais de quatro centenas de pessoas já afectadas.

A região de Cacuaco, no litoral angolano, a cerca de 20 quilómetros a norte de Luanda é conhecida pelas suas salinas, onde é produzido grande parte do sal consumido na região de Luanda.

O ministro explicou ainda que não há nenhuma vítima mortal entre as 414 pessoas registadas com a sintomatologia associada ao foro neurológico, o mesmo que os técnicos apontam como sendo "natural" no envenenamento por ingestão de brometo de sódio.

Outra das inquietações admitidas por Anastácio Sicato é a de averiguar se o surto de Caxito, Bengo, que é semelhante ao existente em Cacuaco, tem a mesma origem e se a fonte é idêntica.

"Sabemos já que, pelo menos, um caso detectado em Caxito tem origem em Cacuaco. Temos agora que aprofundar esta questão e encontrar respostas", disse.

O governante, ladeado por elementos da OMS e de técnicos que integram a "task force" de ataque ao problema, admitiu que, a confirmar-se o sal de cozinha como fonte do problema, é preciso "reforçar a fiscalização", porque se pode estar perante o caso de um comerciante menos escrupuloso a comercializar produto impróprio.

Anastácio Sicato excluiu ainda a relação entre a doença e um despejo de medicamentos na área onde esta se revelou.

O ministro admitiu que existe uma "coincidência temporal" entre o surgimento da doença e o episódio dos medicamentos despejados e entretanto queimados.

Confirmou, contudo, que ocorreram três mortes de crianças do Bairro Novo, em Cacuaco, devido à ingestão de medicamentos.

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