O Brasil está "em guerra contra os incêndios e o crime", disse a ministra do Ambiente, Marina Silva, após ser declarado o estado de emergência em 45 municípios do sul do estado de São Paulo.
No domingo, no final de uma reunião de crise com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra anunciou a abertura de investigações por parte da Polícia Federal para apurar as causas dos inúmeros danos causados na região nos últimos dias.
O governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que declarou o estado de emergência em 45 municípios, anunciou no domingo que foram detidas duas pessoas suspeitas de iniciar incêndios.
Uma das áreas mais afetadas é a de Ribeirão Preto, uma cidade com mais de 700 mil habitantes localizada a aproximadamente 300 quilómetros da metrópole de São Paulo, no coração de um importante centro agrícola.
Num bairro social, os moradores tiveram de abandonar as casas com a aproximação das chamas, de acordo com o portal de notícias G1.
Vários vídeos que circulam nas redes sociais mostram Ribeirão Preto mergulhado na escuridão desde o final da tarde de sábado, com uma espessa camada de fumo e fortes rajadas de vento.
"É apocalíptico, há muito vento, muito fumo, já não se vê a cidade e ainda é dia", diz o autor de um dos vídeos.
Consequências visíveis
Dois trabalhadores de uma fábrica morreram sexta-feira em Urupês, no norte do estado, enquanto combatiam um incêndio.
Vários voos foram cancelados e estradas encerradas devido aos incêndios, que também destruíram colheitas e mataram gado.
De acordo com a prefeitura de Santo Antônio do Aracanguá, cerca de 40 bois e vacas morreram queimados numa fazenda.
Um Embraer KC-390, avião de transporte de tropas da Força Aérea Brasileira convertido em avião cisterna com capacidade de 12 mil litros, chegou a Ribeirão Preto na noite de sábado para domingo.
Mas, de acordo com Marina Silva, o avião "ainda não conseguiu operar, devido à quantidade de fumo". Isto dá uma ideia da extensão do problema", lamentou a ministra.
De acordo com dados recolhidos por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiro, o estado de São Paulo vive o pior mês de agosto em termos de incêndios desde o início dos registos, em 1998, com 3.480 fogos identificados, mais do dobro do total do ano passado.