Em direto
Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

Milhares fogem após ataque do Boko Haram na Nigéria fazer 60 mortos

por RTP
Casas ardidas em Damasak, Borno. Nigéria, 2017 Reuters

Foi o mais violento e mortífero ataque dos militantes islamitas no norte da Nigéria desde há vários meses. No mais recente balanço, feito pela Amnistia Internacional, o ataque à cidade de Rann, no extremo nordeste do país, "fez pelo menos 60 mortos".

Em várias imagens satélite do centro CNES/Airbus e do instituto europeu de vigilância, Copernicus, podem ver-se várias zonas ardidas na cidade, que albergava milhares de pessoas, muitas refugiadas de ataques do Boko Haram.

"Cerca das nove horas da manha do dia 28 de janeiro, um grupo de combatentes do Boko Haram chegou em motos e incendiou a cidade", afirma o relatório da Amnistia Internacional, que conseguiu realizar um inquérito no terreno, um dos mais inacessíveis da Nigéria.

Com base em testemunhos de inúmeras fontes de segurança, e de pessoas que trabalham na zona, a Amnistia pôde deduzir o que se passou.

"Eles perseguiram os civis que tentavam fugir", revelou Isa Sanusi, porta-voz da Amnistia Internacional Nigeria a Agência France Presse. "Foram encontrados 11 corpos no recinto e outros 49 no exterior".
Refúgio nos Camarões
No dia seguinte ao ataque, em menos de 48 horas, "toda a população entrou aparentemente em pânico e fugiu para tentar escapar à morte", tinha já declarado Babar Baloch, porta-voz do Alto Comissário da ONU para os Refugiados, em Genebra.

Mais de 30 mil pessoas refugiaram-se nos Camarões, afirmando que o grupo jihadista controla a cidade de Rann e que os soldados nigerianos e camaroneses também fugiram.

A cidade já tinha sido alvo de ataques e de ameaças mas nada nesta escala. No início de novembro de 2018, duas trabalhadoras humanitárias raptadas da cidade meses antes, foram executadas. Uma terceira continua cativa.

A violência na Nigéria perpetrada pelo Boko Haram, grupo que jurou fidelidade ao Estado Islâmico em 2015, tem vindo em crescendo, mas desde julho que se centrava em bases militares para conseguir armamento.
Apelos da ONU
A ocupação de Rann coincide com um apelo da ONU feito em Abujan, por 741 milhões de euros em financiamento para projetos humanitários a três anos, em Brono e dois outros estados do nordeste nigeriano.

Serão ainda necessários mais 135 milhões de dólares para apoiar os quase 300 mil nigerianos refugiados nos Camarões, no Chad e no Niger vizinho, referiu igualmente a ONU no seu apelo.

Cerca de 260 trabalhadores humanitários foram forçados a deixar três localidades no estado de Borno, o mais fustigado pela violência, devido aos combates entre os combatentes do Boko Haram e o exército nigeriano.

O Presidente Muhammadu Buhari, eleito em 2015 com promessas de erradicar o grupo islamita, recandidatou-se ao cargo para as eleições do próximo 16 de fevereiro, mas deverá ter de responder às múltiplas críticas pelos maus resultados em termos de segurança.

A revolta jihadista já fez mais de 27 mil mortos desde 2009 e mais de 1,7 milhões de pessoas continuam impedidas de regressar a casa.
PUB