Microsoft e Casa Branca em rota de colisão devido à espionagem na net
Os operadores da net estão a pressionar a Casa Branca para assumir que é por obrigação legal que têm fornecido aos serviços secretos acesso a dados dos seus utilizadores. Especialmente empenhada nessas pressões está a Microsoft, que hoje viu revelados detalhes de uma colaboração com os serviços secretos, mais antiga e mais activa do que era conhecido até aqui.
Segundo artigo hoje publicado em The Guardian, as revelações feitas pelo próprio diário britânico, com base em documentos fornecidos por Edward Snowden, estão a agravar as tensões entre a Microsoft e a Administração Obama.Operadores da web pedem "transparência"
Tanto a multinacional de Bill Gates como outros operadores da web, sentindo uma forte pressão de utilizadores preocupados com a privacidade das suas informações, estariam por sua vez a pressionar a Casa Branca para poderem explicar em detalhe a natureza e alcance da colaboração que vêm prestando aos serviços secretos. Operadores como Google, Facebook, Microsoft e outros surgem, inesperadamente, a reclamar maior "transparência", para poderem dar explicações aos seus utilizadores que as isentem de responsabilidades numa colaboração com os serviços secretos.
As leis "futuras"
A declaração da Microsoft, ao admitir o cumprimento, também, de "exigências legais [...] futuras" deixa a dúvida sobre a cobertura, em todos os casos, da sua colaboração com os serviços secretos na legislação actual. Com efeito, se se sujeita a leis que supostamente virão a ser aprovadas, parece estar a antecipar a aprovação eventual de diplomas que, em qualquer caso, nunca poderiam ser retroactivos.
Segundo a Microsoft, essa colaboração não é prestada voluntariamente, e sim em resultado de obrigações legais incontornáveis. Uma declaração da multinacional, citada por The Guardian, afirma nomeadamente que "quando aperfeiçoamos ou actualizamos produtos não ficamos isentos de cumprir com exigências legais actuais ou futuras".
E aí mesmo acrescenta que, ao fornecer à NSA ou ao FBI meios para aceder aos dados de utilizadores, o faz "apenas em resposta a exigências do governo e sem nunca se submeter a ordens para fornecimento [de dados] sobre contas ou identificadores específicos".
Seja, no entanto, qual for a responsabilidade pela devassa aos dados dos utilizadores, permanece o problema de estes terem descoberto que os serviços secretos norte-americanos podem vigiá-los em quase todos os seus passos, como até aqui dificilmente poderia supor-se.
Marketing e vida real Com essa descoberta, caíram por terra os resultados de campanhas de marketing como a que a Microsoft lançara em abril deste ano com o slogan "Your privacy is our priority" ["A sua privacidade é a nossa prioridade"]. Ou como a da Skype, ao afirmar: "A Skype está empenhada em respeitar a sua [do utilizador] privacidade e a confidencialidade dos seus dados pessoais, tráfego de dados e conteúdo das comunicações".
Ora, as revelações hoje trazidas a público por The Guardian mostram a intensidade da colaboração da Microsoft com a NSA e o FBI para garantir que novos produtos não possam ser usados na net para escapar ao controlo desses serviços secretos.
Por exemplo, a encriptação dos chats em Outlook.com foi vista desde cedo como um problema pela NSA, desde que a Microsoft começou a testar o portal em julho do ano passado. Mas o problema rapidamente foi resolvido, por uma intensa colaboração entre a Microsoft e o FBI, que em cinco meses desenvolveram soluções para que a NSA pudesse contornar também a encriptação dessas comunicações.
Em dezembro de 2012 as soluções estavam inteiramente operacionais - portanto, dois meses antes de a Microsoft lançar o portal, em fevereiro de 2013.
As leis "futuras"
A declaração da Microsoft, ao admitir o cumprimento, também, de "exigências legais [...] futuras" deixa a dúvida sobre a cobertura, em todos os casos, da sua colaboração com os serviços secretos na legislação actual. Com efeito, se se sujeita a leis que supostamente virão a ser aprovadas, parece estar a antecipar a aprovação eventual de diplomas que, em qualquer caso, nunca poderiam ser retroactivos.
Segundo a Microsoft, essa colaboração não é prestada voluntariamente, e sim em resultado de obrigações legais incontornáveis. Uma declaração da multinacional, citada por The Guardian, afirma nomeadamente que "quando aperfeiçoamos ou actualizamos produtos não ficamos isentos de cumprir com exigências legais actuais ou futuras".
E aí mesmo acrescenta que, ao fornecer à NSA ou ao FBI meios para aceder aos dados de utilizadores, o faz "apenas em resposta a exigências do governo e sem nunca se submeter a ordens para fornecimento [de dados] sobre contas ou identificadores específicos".
Seja, no entanto, qual for a responsabilidade pela devassa aos dados dos utilizadores, permanece o problema de estes terem descoberto que os serviços secretos norte-americanos podem vigiá-los em quase todos os seus passos, como até aqui dificilmente poderia supor-se.
Marketing e vida real Com essa descoberta, caíram por terra os resultados de campanhas de marketing como a que a Microsoft lançara em abril deste ano com o slogan "Your privacy is our priority" ["A sua privacidade é a nossa prioridade"]. Ou como a da Skype, ao afirmar: "A Skype está empenhada em respeitar a sua [do utilizador] privacidade e a confidencialidade dos seus dados pessoais, tráfego de dados e conteúdo das comunicações".
Ora, as revelações hoje trazidas a público por The Guardian mostram a intensidade da colaboração da Microsoft com a NSA e o FBI para garantir que novos produtos não possam ser usados na net para escapar ao controlo desses serviços secretos.
Por exemplo, a encriptação dos chats em Outlook.com foi vista desde cedo como um problema pela NSA, desde que a Microsoft começou a testar o portal em julho do ano passado. Mas o problema rapidamente foi resolvido, por uma intensa colaboração entre a Microsoft e o FBI, que em cinco meses desenvolveram soluções para que a NSA pudesse contornar também a encriptação dessas comunicações.
Em dezembro de 2012 as soluções estavam inteiramente operacionais - portanto, dois meses antes de a Microsoft lançar o portal, em fevereiro de 2013.