O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, escusou-se a comentar a investigação em curso envolvendo o seu sucessor, o ex-primeiro-ministro António Costa, garantindo que a instituição "confia nos candidatos escolhidos" e enviará um "bom sinal aos cidadãos".
"O Conselho Europeu tomou uma decisão e foi uma decisão clara e rápida, de facto. Tivemos uma reunião há 10 dias e hoje [quinta-feira] tomámos uma decisão [...] e o Conselho Europeu confia nos candidatos que foram escolhidos e está confiante de que este será um bom sinal enviado aos cidadãos europeus", declarou Charles Michel, respondendo a uma questão da Lusa na conferência de imprensa após a cimeira europeia que hoje decorreu em Bruxelas.
Também questionada pela Lusa, a presidente da Comissão Europeia e hoje proposta pelos líderes da UE para um segundo mandato no cargo, Ursula von der Leyen, disse estar "ansiosa por trabalhar com António Costa".
"Tive o privilégio de trabalhar com ele [...] quando Portugal detinha a presidência do Conselho e, por isso, sei muito bem que ele é muito focado, é um político trabalhador e muito orientado para os objetivos, mas também tem uma grande humor, pelo que estou ansiosa por trabalhar com ele", adiantou Ursula von der Leyen.
O socialista António Costa foi eleito na noite de quinta-feira pelos chefes de Estado e de Governo da UE como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio a partir de 01 dezembro de 2024, foi anunciado em Bruxelas.
A decisão foi adotada numa reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, na qual os líderes da UE propuseram também o nome de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, que depende porém do aval final do Parlamento Europeu, e nomearam a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, sujeita à eleição pelos eurodeputados de todo o colégio de comissários.
Após a demissão na sequência de investigações judiciais, o ex-primeiro-ministro português António Costa foi escolhido para suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, a instituição da UE que junta os chefes de Governo e de Estado do bloco europeu, numa nomeação feita por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população total).
António Costa será o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu.