Metade das crianças menores de 5 anos vai sofrer de desnutrição em 2021 no Iémen devastado pela guerra e centenas de milhares delas podem morrer por falta de assistência humanitária, alertaram hoje agências da ONU.
O conflito que devasta o país mais pobre da península arábica já causou a pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU, com dezenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e uma população à beira da fome.
"A desnutrição aguda ameaça metade das crianças menores de cinco anos no Iémen em 2021", ou seja, perto de 2,3 milhões de crianças, alertaram a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Entre elas, 400.000 deverão sofrer de desnutrição aguda grave e poderão morrer se não receberem tratamento urgente", advertiram num comunicado comum. Trata-se de um aumento de 22% em relação a 2020.
A diretora-geral da UNICEF, Henrietta Fore, sublinhou que "cada dia sem ação causará a morte de mais crianças", insistindo que "as organizações humanitárias necessitam urgentemente de recursos e de um acesso sem obstáculos à população".
As quatro agências da ONU disseram ainda que cerca de 1,2 milhões de grávidas ou mães que amamentam também deverão sofrer de desnutrição aguda este ano.
Segundo elas, os níveis de desnutrição aguda grave estão entre os mais altos registados no Iémen desde a escalada do conflito em 2015 (começou em meados de 2014), quando se iniciou a intervenção da coligação militar dirigida pela Arábia Saudita em apoio das forças governamentais contra os rebeldes Huthis, ajudados pelo Irão.
"A crise no Iémen é uma mistura tóxica de conflito, colapso económico e grave escassez de fundos para a ajuda vital", lembrou o diretor executivo do PAM, David Beasley.
"Existe uma solução para a fome: comida e o fim da violência", insistiu.
A ONU e as organizações humanitárias queixam-se regularmente de subfinanciamento da ajuda internacional ao Iémen.
Em 2020, o plano de intervenção humanitária para o país apenas recebeu 1,9 mil milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros) dos 3,4 mil milhões (2,8 mil milhões) necessários, notaram as agências.
