Em conferência de imprensa, a chanceler alemã congratulou-se esta quarta-feira com o acordo para a grande coligação alcançado entre a CDU e os social-democratas. Angela Merkel admitiu no entanto que a distribuição de ministérios entre as forças partidárias não foi tarefa fácil e que nem todos os conservadores “vão ficar contentes” com o destino dado à pasta das Finanças.
Olaf Scholz, do SPD, deverá ser o substituto de Wolfgang Schauble num posto nevrálgico para o executivo alemão.
“Tenho de admitir que a questão da distribuição dos ministérios não foi fácil”, disse a chanceler alemã durante uma conferência de imprensa realizada esta tarde, poucas horas depois do fim das negociações, que ditaram o acordo para a formação de um governo de coligação.
No entanto, apesar das concessões, Merkel mostrou-se convicta que o acordo firmado esta quarta-feira permite a formação de uma boa solução governativa.
“Estou convencida de que este pacto de coligação (…) serve de base ao Governo estável de que o nosso país precisa e que muitos no mundo esperam de nós”, afirmou a chanceler, citada pela agência France-Presse.
Angela Merkel reconhece que as negociações com o SPD, iniciadas em janeiro, foram “difíceis” mas que “valeram a pena”. Admite também que nem todos os apoiantes e militantes da CDU vão ficar “contentes” com a decisão de entregar a pasta das Finanças aos social-democratas.
"Mudança de rumo" na Europa
Ao seu lado, na mesma conferência de imprensa, o líder do SPD – e segundo a imprensa alemã, o próximo ministro dos Negócios Estrangeiros do novo Governo, outro dos super-ministérios cedidos ao parceiro de coligação – congratulou-se com o acordo alcançado, preferindo focar-se nas repercussões internacionais do acordo.
“Com este acordo de coligação, a Alemanha vai assumir novamente um papel ativo e de liderança na União Europeia”, sublinhou Schulz. Nas páginas do acordo firmado esta quarta-feira, o capítulo “Um novo impulso para a Europa” ocupa lugar de destaque.
O atual líder do SPD admitiu que as negociações com a CDU foram “as mais difíceis de sempre” e promete “uma mudança de rumo” na política europeia, com o apoio “tático” às linhas defendidas por Emmanuel Macron, no sentido de reformar a Europa e as suas instituições.
“Só com um novo crescimento da Europa se pode garantir a paz, a segurança e a prosperidade da Alemanha no longo prazo”, afirmou.
O acordo firmado esta quarta-feira não permite formar um governo de imediato, uma vez que ainda terá de ser aprovado pela maioria dos mais de 460 mil militantes de um SPD muito fragilizado e dividido, após resultado nas últimas eleições de setembro.
Segundo a agência Reuters, a votação deverá acontecer entre 20 de fevereiro e 2 de março. Os resultados só serão conhecidos a 4 de março.