As autoridades romenas anunciaram hoje a detenção de duas pessoas, incluindo um antigo membro da Legião Estrangeira Francesa, munidas de armas, por alegadas tentativas de desestabilização após a anulação das eleições presidenciais.
O Ministério Público e a polícia realizaram buscas em 12 casas em Bucareste e arredores, bem como na província de Sibiu, "no âmbito de uma investigação por violação da lei sobre armas e incitamento à prática de crimes contra a praça pública", de acordo com um comunicado dos procuradores divulgado hoje.
No fim de semana, Horatiu Potra, conhecido pelas iniciais P.H. e vários outros indivíduos foram intercetados pela polícia, tendo a bordo dos seus veículos "armas brancas (facões, espadas, punhais), armas de fogo, bem como avultadas somas de dinheiro, computadores portáteis, suportes de armazenamento e um drone profissional".
Segundo a imprensa romena, P.H., um ex-legionário, foi segurança pessoal do candidato presidencial de extrema-direita Calin Georgescu, que mantém posições abertamente pró-Rússia.
Os suspeitos pretendiam alegadamente interferir em manifestações contra este candidato.
Contudo, a advogada de Potra, Christiana Mondea, negou qualquer ligação ao caso Georgescu.
"Potra explicou que iria a Bucareste para ver a sua família e não para assistir a uma alegada manifestação", argumentou Mondea.
Calin Georgescu, por sua vez, disse ter ouvido falar do alegado mercenário, mas "não o ter conhecido pessoalmente".
Outras buscas ocorreram no sábado, desta vez diretamente ligadas à campanha do candidato, alvo de acusações de "irregularidades" ligadas à rede social TikTok e por suspeitas de interferência russa.
Na sexta-feira, o Tribunal Constitucional da Roménia decidiu anular a primeira volta das eleições presidenciais.
Georgescu, que venceu a primeira volta, afirmou que esta anulação constitui um "golpe de Estado", tendo promovido ações de contestação à decisão do Tribunal Constitucional, durante este fim de semana.
A sua possível vitória suscitou receios, em Bruxelas e em Washington, de uma reorientação estratégica neste país da União Europeia (UE), que se tornou um pilar da NATO desde o início da guerra na vizinha Ucrânia.